Adeus

Foto de Cecília Santos

ME FALTA CORAGEM

ME FALTA CORAGEM
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Me falta coragem pra
dizer-te adeus.
Me faltam lágrimas pra
chorar nosso adeus.
Da nossa vida de
amor vivido.
Me falta um rosário
pra contar as suas contas.
Meu coração conhece as
batidas do seu.
Doce compasso, que
descompassa o meu.
Transitórias alegrias.
Eternas tristezas.
Nuvens brancas que
voam calmamente.
E o vento chega até a mim
trazendo lembranças suas.
Tempestade de amor
que me rouba a calma.
Falta-me coragem pra
dizer-te adeus.
Falta-me palavras pra
completar nosso adeus.

Direitos reservados*
Cecília-SP/02/2008*

Foto de Darsham

Dizer Adeus

Existem momentos em que temos que dizer adeus a alguém ou a peças da nossa vida. Fechar a porta e seguir em frente, pois se não o fizermos estamos irremediavelmente a estagnar e a vida não é estática, muito pelo contrário, é dinâmica. Contudo, esse adeus não pode apenas ser dito, tem que ser sentido e tomá-lo como uma mudança. E mudar não é fácil, é caminhar em frente, no meio da escuridão, sem ver nenhuma luz que nos indique qual o caminho a seguir. É como se fôssemos crianças e novamente estivéssemos a aprender a dar os primeiros passos, só que a diferença é que não teremos ninguém atrás de nós para nos impedir de cair ou amparar a nossa queda. Se cairmos teremos que ser nós a levantarmo-nos, cuidar das nossas feridas e continuar a caminhar. Se não o fizermos ficaremos presos no meio do breu e ninguém nos virá buscar. Só nós é que temos o controle da nossa vida. Hoje disse adeus a uma pessoa e a uma história e estou caída entre o antes e o agora, mas amanha irei levantar-me e começar a minha caminhada frente ao desconhecido...

Foto de Teresa Cordioli

Amor Perfeito ( Soneto)

.
Meu coração sorri, porque de amor anda cheio
Procuro-te para amar em lugar incerto...
Não o vejo amor, você é o único que não veio.
Mas com certeza seu coração esta por perto

Quem eu amo esta distante, mas não alheio.
Com meu carinho sabe também estar coberto
Venha rápido amor, para matar este anseio
Que em minh’alma chora, em momento certo

chora de amor, não chora de dor querido.
Mesmo que um dia venha a me dizer adeus
sorrirei, só de mante-lo em meu peito

Onde meu coração de amor ficou abastecido
sigo-te com meus olhos pregados nos teus
sou para sempre sua flor-de-amor-perfeito

Foto de all_nites

qual o sentido de tudo isto???

Qual o sentido de tudo isto?
Acordei esta manhã com este estranho pensamento. Abri os olhos a pensar em algo que torturava a minha cabeça ao longo dos tempos. Essa pergunta impertinente não me largava e tudo o que eu queria fazer, era despachar-me para ir para escola. Tanto ela me chateava que decidi, por fim, sentar-me na cama desarrumada e pensar sobre o assunto.
Tudo o que estava a pensar tinha a ver com o sonho que tinha tido. As imagens e os filmes do meu subconsciente passavam rapidamente na minha cabeça e sem problemas, consegui finalmente, perceber a base de tudo isto. Como é que tudo se formou?
É claro que segundo a ciência, a vida formou-se na Terra, devido a condições favoráveis, ou seja, os quatro elementos criaram uma situação estável de forma a permitir a formação de aglomerados moleculares, células e por fim seres vivos.
Mas a minha pergunta não ia para tão perto, ela ia ainda mais para longe. Os animais formaram-se através das células, as células formaram-se a partir de moléculas, as moléculas provêm dos átomos e então, “DE ONDE VÊM OS ÁTOMOS?”.
Finalmente! Tinha conseguido achar a pergunta. Mas faltava o mais importante, a resposta. Ninguém sabia a resposta. Desde daquele tipo de pessoas fúteis, que não se interessam por nada e só querem viver as suas vidas segundo o padrão social, até aqueles grandes cientistas e filósofos, mentes brilhantes que atravessam a vida pelos caminhos mais difíceis e mais sabedores, como Platão, Newton ou Da Vinci, não têm uma resposta certa quanto a essa resposta.
Bem, o certo é que, depois de tudo isto, tive que me despachar a vestir e a comer para não chegar tarde à escola.
O dia foi interessante. Era uma Quarta-feira e por isso as únicas disciplinas que tinha eram Educação Física, Filosofia e Matemática.
Em Educação Física, a minha turma teve a jogar Softbol (parecido com o basebol mas com uma bola de ginásio) e consegui fazer um Home-run.
Em Filosofia, teve-se a falar da ciência, um tema porreiro quanto a mim, e o professor deu-nos um trabalho para fazer ao longo do terceiro periodo. O que nós tinhamos de fazer era criar um texto em que se falasse dos limites da ciência, segundo a nossa opinião e não com ideias retiradas de outros lugares.
Eu já tinha um tema acerca do trabalho.
Durante as férias da Páscoa, eu surgi com uma teoria acerca da viagem inter-espacial. Falei com os meus amigos, João Jalé e Rui Gamboa e todos concordámos em realizar essa experiência. Essa ideia consistia em comparar a massa e a carga de um átomo de modo a construir um modelo semelhante a essa partícula, mas em tamanho real.
Toda a experiência foi projectada. O modelo foi desenhado e os objectos eram de fácil acesso mas, o pior foi os cálculos. Segundo um átomo de hidrogénio (que é o mais leve de todos os elementos), para construir um sistema de massa 5g a energia necessária para fazer a carica viajar no espaço, não era nem mais nem menos, do que 2 x 1013 volts. Bem isso era um bocado díficil de atingir e por isso esquecemos essa ideia.
Mas agora podia falar dela no trabalho.
Cheguei a casa, coloquei-me em frente ao monitor e fui buscar toda a informação que possuia da experiência. Retirei os textos que explicavam a actividade, os gráficos e esboços do projecto e comecei a escrever um texto, a expôr a minha ideia.
Demorei pouco tempo a fazer o trabalho pois já tinha muita informação.

O período passou num instante. Faltava poucas semanas para terminar as aulas e o prazo de entregas dos trabalhos para Filosofia era hoje. Apesar de ter uma semana para entregar, só me tinha lembrado de trazer o trabalho para a escola no último dia.
Entreguei o trabalho ao professor assim como os outros alunos e expliquei ao Jalé e ao Rui o que tinha escrito. Eles disseram que segui um bom exemplo para o trabalho e que era boa propaganda da ideia.
Tocou para saída, arrumei o material e juntamente com os meus colegas saímos da sala em direcção ao átrio da escola. Encontrei a Diana, a minha namorada e cumprimentei-a com um beijo doce.
O intervalo era de quinze minutos e por isso não valeu a pena sair da escola. Quando estava quase a tocar para a entrada, um certo indivíduo colocou-se à minha frente era o meu professor de Filosofia.
- Podes vir comigo ali fora para eu te apresentar uma pessoa? – perguntou-me ele apontando para a saída.
- Claro, tudo bem. Diana, já vai tocar, podias ir já para a aula.
- Está bem. – respondeu ela dirigindo-se para as escadas que levavam às salas de aula.
Acompanhei o professor até à saída da escola e junto ao passeio, estava a estacionar, um Mercedes SLK 600. Um senhor de fato saiu do carro e dirigiu-se a nós.
- Bom tarde, doutor.
Apertaram as mãos após o senhor também cumprimentar o professor.
- Doutor, este é o Bruno. – começou ele. – Tiago, este é o Doutor José Cunha, ele é o responsável por um laboratório situado perto daqui.
- Olá. – disse eu apertando a mão ao Dr. José.
- Olá. Então és tu o génio que deu asas a esta ideia? – perguntou ele.
- Qual ideia?
- Teoria Atómica da Mudança de Espaço.
- Hã... Sim fui eu. – disse eu embaraçado.
- Estou espantado! Onde arranjaste tal ideia?
- O meu pai tem um livro antigo e nesse livro está a falar de um experiência Top Secret, que não se sabe se existiu ou não, chamada Philadelphia Experiment, a Experiência do Filadélfia.
Então eu lá falei durante minutos sobre a tal experiência que a marinha norte-americana tinha feito durante a segunda guerra mundial, eles tinham conseguido, sem se saber como, fazer desaparecer um navio em alto-mar e fazê-lo aparecer numa baía. A marinha negou tudo mas houve muitas testemunhas. Após ler aquilo fiquei curioso e pus-me a pensar sobre o assunto. Tanto pensei que, por fim, veio-me à cabeça uma ideia: qual é uma das únicas coisas instantâneas no mundo? A passagem de nível electrónico dos electrões para a camada seguinte. Segundo a química, quando um átomo recebe demasiada energia, os electrões ficam excitados e por isso passam instantaneamente para uma camada electrónica superior. Fiquei com esta ideia na cabeça mas foi logo substituída por outra, e se desse para criar um modelo com as semelhanças de um átomo mas numa escala real. Pensei mesmo muito nisso, fiz textos sobre isso, desenhei projectos, fiz tudo, inclusive os cálculos que estragaram tudo, pois era preciso uma carga de 2 x 1013 volts para o objecto de 5 g passar para o nível seguinte e viajar no espaço, e por isso desisti do projecto porque com uma energia dessas, mesmo que fosse possível criar, poderia fazer estragos com tamanha carga, como no caso dos trovões.
Acabei de explicar tudo e reparei que ambos olhavam para mim fixamente.
- Espectáculo! – disse o doutor. – Há anos que tento arranjar alguma forma de viajar no espaço e tu conseguiste primeiro que eu. Queres juntar- -te à minha equipa?
- Uau! Seria um prazer. Quando?
- Sei lá, talvez nas férias.

Falámos por mais uns momentos, mas já eram três e meia e tinha que apanhar o autocarro. Dei o meu contacto ao Dr. Cunha e despedi-me.
Ia a caminho de casa, no passeio junto à estrada e uma criança ia à minha frente a andar também, mas mais devagar. Acelerei o passo para a passar ao lado da menina e quando passei por ela, uma voz fina dirigiu-se a mim.
- Não o faças! – disse a menina com um ar triste. – Por favor, não estragues o mundo!
- Não faço o quê? – disse eu espantado pela reacção da criança.
- Teoria Atómica da Mudança de Espaço. – disse a menina levantando a cabeça e mostrando os seus olhos azuis brilhantes.
Fiquei paralizado, como é que ela podia saber? Não contei a ninguém, a não ser ao Jalé, ao Rui, à Diana, ao professor e ao doutor. Eles não iam espalhar isso por aí e mesmo assim, como é que uma miudinha conseguia perceber isso?
A criança virou-se e começou a caminhar para o lado contrário.
- Espera aí! Como te chamas? – perguntei eu acompanhando, por momentos, a menina.
- Gabriela do Paço Castanheira Esguedelhado. – disse ela olhando de relance para mim. – E não me sigas. Adeus pa....
- Adeus quê? – disse eu gritando para ela já ao longe.
Ela não respondeu. Começou a correu e virou para uma rua escondida. Durante minutos fiquei ali parado espantado pela situação.
Cheguei a casa lentamente a pensar sobre este estranho episódio. Entrei em casa, abri a porta para os cães irem à rua, abri os estores da sala e deitei-me no sofá. Estava muito cansado e custava manter os olhos abertos. Tudo se escureceu e por fim adormeci.

Acordei agitadamente, saltando do sofá violentamente e caindo para o chão. Olhei para o telemóvel, eram seis e vinte e tinha uma chamada da minha mãe.
Sentei-me no sofá e levei as mãos à cabeça, tinha tido um sonho horrível, o fim do mundo. Tinha sonhado que a terceira guerra mundial tinha rebentado devido a uma associação criminosa que usava a minha teoria para tudo o que era mau. Roubar, infiltrar e até matar. Parecia tudo tão real.
Finalmente tinha compreendido o que queria dizer a rapariga sobre o estragar do mundo. Finalmente tinha percebido que, se calhar a minha teoria não era assim tão boa como tinha pensado. Possivelmente era mais negativa do que positiva. Era boa como transporte rápido de pessoas e mercadorias mas era mau devido aos assaltantes e associações criminosas que eram facilitados no seu trabalho devido a esse transporte.
Estava decidido! Ia esquecer tudo. Era difícil mas era o melhor. Tinha que pôr tudo nas costas. Tinha que dizer ao Rui e ao Jalé o que se tinha passado e explicar ao meu professor e ao doutor a minha opinião.

Na sexta-feira, dirigi-me ao professor de filosofia que estava na sala dos professores e expliquei-lhe tudo certinho e o mais directo possível. Após acabar a explicação, o professor com uma cara de desânimo virou-se para mim.
- Tens razão. – disse ele. – Também já tinha pensado nisso.
- Então quer dizer que o professor me apoia nessa escolha.
- Claro que te apoio. Foste tu que criaste isto e és tu que tens a escolha de desistir do projecto. – disse ele pondo o braço a minha volta. – O Dr José é que vai ficar muito desiludido.

O professor voltou a chamar o doutor e eu expliquei a situação toda outra vez.
- Tens a certeza que queres fazer isso? – perguntou o doutor.
- Tenho, muita certeza.
- Que pena! Era uma grande oportunidade para seres famoso. Pelos vistos afinal vou ser só eu o famoso.
- O que quer dizer com isso? – perguntou o professor.
- Bem, já que ele não quer levar o projecto avante e como já tenho conhecimento acerca da teoria, levo eu isto para a frente.
- Não pode fazer isso! A ideia é minha e para além disso você vai provocar muita alteração no mundo. – gritei irritado com a atitude.
- Está bem! Quando me mostrares o Pai Natal, eu acredito no teu sonho.
Ele dirigiu-se para o carro e foi-se embora em grande velocidade.
- O que se pode fazer para evitar? – perguntei ao professor.
- Nada! Tu não patentiaste a ideia logo ele pode usá-la à vontade.
- Onde fica o laboratório dele?
- Fica no Bombarral. – disse o professor.
- O professor tem carro? – perguntei insistindo numa hipótese.
- Tenho.
- Então vamos fazer-lhe uma visitinha. – disse olhando para ele à espera de resposta.
O professor pensou durante momentos, até que por fim concordou comigo. Entrámos dentro do carro dele e fomos rapidamente até ao Bombarral.

Quando chegámos ao laboratório, este não era nem mais nem menos do que uma fábrica velha de tijolo.
- É aqui? – perguntei.
- É. – disse o professor. – Ele usa o laboratório debaixo da fábrica.
Entrámos dentro da fábrica e fomos dar a uma porta que necessitava de uma palavra-chave. O professor digitou uma combinação de números, a porta abriu-se e um elevador levou-nos para baixo.
Descemos poucos metros e quando a porta se abriu fiquei paralizado de novo. Já estava tudo pronto para a experiência. Os meus projectos já estavam todos construidos à minha frente e uma contagem decrescente de três minutos tinha-se iniciado.
O laboratório tinha aproximadamente três andares e no último estava, dentro de uma sala apenas com uma janela, o Dr Cunha. Ele viu-nos e rapidamente começou a descer as escadas. Ouvia-se da sua boca as palavras “Continuem a contagem”. Após descer os três andares e aproximou-se de nós com um passo rápido.
- Então gostam da minha experiência? – disse ele ironicamente.
- Pára já com isto! – disse eu directamente olhando bem para os olhos dele.
- Não sabes o que estás a fazer! – disse o professor.
- Claro que sei!
“Um minuto e meio para actividade.”
- Com essa potência, toda a população desta vila vai morrer electrocutada. – disse eu.
- Não vai não! Estão a ver estas paredes todas à volta. – disse o doutor apontando para elas. – São feitas de um material que isola grandes cargas eléctricas.
- Cala-se! – disse eu. – Voçê vai provocar muitos estragos mundiais e eu vou evitar.
- Como? A fazer birra? – deu uma gargalhada seca.
“Trinta segundos”
Comecei a correr em direcção ao projecto. Poderia fazer qualquer coisa para evitar. Estragar a experiência, rouba o objecto, qualquer coisa.
O doutor seguiu-me e quando cheguei perto do projecto, ele agarrou-me fortemente.
- Não me vais estragar tudo! – disse ele com um tom de voz irritado. – A experiência é minha.
- Não! É dele! – olhei para trás e vi o professor a dar com uma cadeira no Dr. Cunha deixando-o inconciente sobre o projecto.
- Obrigado. – disse eu.
“Dez...nove...”
- Temos que sair daqui! – disse ele.
- Mas e o doutor?
- Não dá tempo! – disse o professor agarrando-me na mão e puxando-me até ao compartimento, de onde saiu o doutor, atrás das paredes isolantes.
Um forte clarão se deu durante segundos e após ouvir-se um estalo intenso tudo se normalizou. Esperámos uns segundos e por fim volt´mos à sala. Tinha desaparecido! O doutor e o objecto tinham desaparecido totalmente. Não havia sinal deles.

Com toda esta confusão, após fechar-se o laboratório e isolar-se os acontecimentos, eu quis voltar para casa. Não podia contar isto a ninguém, não convinha. Poderia acontecer tudo novamente.
Sentia a mente aliviada enquanto ia no carro com o professor. Eu e ele não tinhamos falado mais sobre o assunto. Simplesmente agradeci-lhe por tudo.
Cheguei a casa. Já o carro se tinha ido embora e ia eu abrir a porta quando um “Obrigado” surgiu de uma voz fina. Olhei para trás e vi a menina do outro dia. Agora ela já estava feliz e despreocupada. Eu tinha tantas perguntas para fazer mas limitei-me a dizer:
- Gabriela do Paço Castanheira Eguedelhado né? Não me vou esquecer desse nome. Obrigado eu por tudo.
- Não vai ser preciso lembraste. – disse ela sorrindo e voltando a correr, afastando-se de mim.

Era Sábado e por isso estava com a Diana. Contei-lhe a situação do laboratório, ela era de confiança apesar de ter sido difícil fazê-la acreditar.
Falei-lhe da rapariga mas não sei porquê, não me lembrava do nome dela.
- Diana, se tu tivesses uma filha, que nome lhe davas? – disse eu tentando-me lembrar do nome dela.
- O meu nome favorito é Gabriela e, se neste caso, tu fosses o pai ela chamava-se Gabriela do Paço Castanheira Esguedelhado.
Voltei a paralizar. Será possível? Será que aquela rapariga era de facto, minha filha?

Fim

Foto de HELDER-DUARTE

Adeus

Adeus mundo e tu tempo!
Adeus terras e longes terras!
Adeus Portugal, Algarve e guerras.
Bem-vindo sejas, tu «Todo o sempre».

Adeus pai, mãe e Monchique.
Também tu Alvor e vós Alcobaça.
E vós que me odiais, pois eis que aqui não fico.
Vou para uma terra, que nunca passa.

N'ela só há flores e pássaros.
Não há serpentes...
Há pombas, que formam arcos.

Há lá um cântico suave.
Para sempre, sempre, sempre...
Como o do rouxinol ave!

Foto de Carmen Vervloet

POEMA DO ADEUS

Poema do Adeus

Esses são versos de adeus!
Esqueça dos beijos meus...
Cansei dos sonhos...
Esqueça meus lábios risonhos!

Vou partir por outras paragens!
Quem sabe encontro à felicidade?!
Na plumagem de uma flor...
Na variedade de tons da cor?!

Estou sedenta por delicadezas
Choro agora de tristeza
Por tanto engano!...

Desço o pano... Fecho a cortina...
Encerro a cena!
Arrependo-me como Madalena
Dos meus pecados
Tão bem decifrados por ti!
Perdi a lucidez
Numa total insensatez!

Quero que te ausentes
Desta minha louca vida!...
Desta alma dorida
Que chora o adeus...
Adeus... Aos lábios teus!

Adeus a esta louca paixão
Acendida entre ternuras e lassidão...
Em over dose de amor!...
Ipês em flor...
Tapetes de luar...
Verde azul oceano...
Águas profundas do mar!...

Não tente decifrar
Este louco coração
Que explodiu em paixão...

Encontre-me na minha poesia
Numa canção... Ou melodia...
Sinta esta minha nostalgia
Que me impulsiona
A um novo amanhecer!
Novo viver... Sem você!

Carmen Vervloet

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"NA PERIFERIA DO ABSOLUTISMO"

“NA PERIFERIA DO ABSOLUTISMO”

Vivi, mas não respirei...
Caminhei bastante, mas não andei...
Sorri muito, mas não senti felicidade...
Chorei, mas não espantei meus fantasmas!!!

Olhei-te, mas não vi ninguém ao meu lado...
Pedi-te, mas não te obtive...
Amei-te, mas não fui amado...
Contemplei teu brilho, mas não fui iluminado...
Servi-te de escada, e fiquei no chão...
Bati palmas para o teu sucesso, e não houve eco...
Sucumbi fadigado, e rastejei sozinho!!!

Avisei-te, e não fui ouvido...
Esbravejei, e fui repreendido...
Implorei, e fui ridicularizado...
Silenciei, e fui mal entendido!!!

Aceitei o adeus, e fui banalizado...
Concordei com os erros teus, e fui prejudicado...
Entreguei tudo a Deus, e fui absolvido...
Encontrei a paz, e vivo sossegado!!!

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"SILICONE"

SILICONE

No embalo do teu corpo...
Perdi-me pelo caminho...
Fiquei tonto quase morto...
Com o coração apertadinho!!!

O teu cheiro estonteante...
Virou todo meu pensamento...
E o teu gosto embriagante...
Alterou meu comportamento!!!

Sem rumo e sem margem...
Vaguei cheio de saudade...
Sem saber que a tua imagem...
Era pura vaidade!!!

Com teus gestos ensaiados...
E o teu cheiro artificial...
Arrependi-me de ter entrado...
No teu mundo virtual!!!

Mulher de pouco valor...
O adeus quero te dar...
Não mais sinto aquela dor...
Já tenho alguém para amar!!!

Foto de Carmen Vervloet

VÁ... SEJA FELIZ!

VÁ... SEJA FELIZ

Toma jeito, coração...
Bate calmo... Devagar...
Não me deixe demonstrar
O que meus olhos
Insistem em confessar...

Não posso entregar meu segredo...
Já sofri e tenho medo...
Ele vem... Promete... Promete...
E a velha estória se repete!

Um dia de céu anil...
Suave lua a deslizar...
Palavras de amor... Toque sutil...
E depois, só tristeza a chorar...

Chega de decepção...
Tenho que usar a razão...
Detesto desilusão...
Quero a rosa felicidade...
Não suporto mais insanidade...

Vá... Siga seu caminho...
Busque outros carinhos...
Encontrarás outro sorriso...
Outra boca... Outro riso...
Novo porto... Quiçá o paraíso...

Deixarás comigo uma grande mágoa...
Meus olhos rasos d’água...
Busque auroras inebriantes...
Deixe comigo a dor deste instante...

Busque uma nova companheira...
Eu fui um sonho que acabou...
Abra portas... Janelas... Ultrapasse fronteiras...
Olhe o sol que ilumina um novo caminho...
Inspire este puro ar marinho...
Guarde o pouco que restou!...

Não olhe para trás
Eu te peço, por favor!
Fui apenas o curinga do seu ás
E não quero nunca mais
Sofrer a dorida frustração...
Ferir o meu coração...

Siga em frente... Busque outra aurora...
Ouvirás meu adeus na voz do vento...
Esqueça o meu amor... Vá embora...
Quero ficar só com os meus sentimentos...
Quero passear pelo nosso jardim...
Quero regar a nossa roseira...
Quero poder respirar enfim...
Quero lavar a acumulada poeira...
Que me cegou... Que me anulou
E me fez uma triste prisioneira...

Vá... Seja feliz!
Agora sou mestra...
Mas fui, um dia, aprendiz!

Carmen Vervloet

Foto de Sirlei Passolongo

Versos de dor

Enquanto você dormia...
Escrevi esses versos de adeus
Rasguei suas recordações
Rasguei minhas ilusões
Enquanto você dormia...
Vi que seus beijos não
eram só meus.

Enquanto você dormia...
Dilacerei meu peito
Chorei um amor desfeito
E esses versos num
Papel molhado
São lágrimas de um
coração despedaçado

Enquanto você dormia...
Meu sonho desmoronou
Revirei seu mundo
O meu foi ao fundo
Enquanto você dormia...
Sorriu e outro nome chamou.

Sirlei Passolongo

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