Passado o sol,
Nuvens castanhas cobrem o céu.
Espantam-se os vagalumes - terrenas estrelinhas,
Abrigam-se as pombas entre as frestas
Dos telhados do casario,
De antigas ruazinhas.
De quê fogem, nuvenzinhas,
Que aqui viestes chorar?
Que fado lhes cortou a alma,
Que dor lhes quebrou a calma?
Ó vento, ó vento,
Não empurres com tanta força,
Essas tão amigas minhas
- Castanhas nuvenzinhas -
Tão altas, tão esquivas,
Tão noturnas, tão sozinhas...
Ah, meus olhos, não chorem, não chorem.
Vieram pra lhes consolar
Nuvenzinhas de além-mar.
Arco-íris lusitanos minha alma colorem.