Mergulhei nas tuas palavras,
Tão líquidas e certas,
Como quem se joga às águas
Encantadas das descobertas.
No espelho que me davas,
Via brilhando, em mim,
Uma constelação de almas passadas,
Da vida que não tem fim.
Era o que tua boca falava,
Do além da vida, em si,
Que mais e mais me levava,
Para o além de mim, em ti.
Ah, só tu, para acalmar
As tempestades que me varrem!
Para aparar as vagas
Encrespadas que me invadem...
Só tu, para dizer-me
As palavras que me levem,
Para longe do teu passo:
Sem dor, sem frio, sem febre...
Mergulhei nas tuas palavras,
Tão líquidas e certas,
Como quem se dá às águas,
E se vai, na noite aberta...