LOUCURA

Foto de SYLVIO ÉDISON MARTINS

LOUCURA

Marque a fogo o meu corpo!
Marca mais fundo do que tatuagem,
Marque a ferro em brasa,
Escreve em todo o meu corpo palavras insanas,
Palavras profanas, dizeres pecaminosos
Asperge sobre ele, como padre asperge água benta
Quando encomenda um corpo,
Crie metáforas libidinosas, lascivas, obscenas, pecadoras
Pra retratar todo esse tesão guardado!

Circunda-me, contorne-me!
Passe sua língua quente e molhada em meu corpo
Rastreie, como se rasteia uma trilha,
Encontre os pontos escuros de nosso mistério de amor!
Decifra-os na escuridão do nosso quarto,
Decifra os enigmas dos desejos contidos
Dos desejos reprimidos.

Explora-me!
Como o explorador explora os mares
Como o explorador explora as selvas recônditas,
Encontre o fogo, a brasa que você acendeu
Queime-se nela,
Queime seu sexo, seus sentidos, sua língua neste corpo quente
Quente de desejo, quente de tesão, quente de volúpia.

Entrego-me por inteiro
Por completo,
Entrego-me entorpecido, como se drogado por ópio estivesse
Sou seu, passivo, inerte, parado
Age! Use! Cavalgue! Beije! Lamba! Sugue!
Faça-me ter um orgasmo como nunca tive
Um gozo explosivo de gosto e prazer
Onde seu instinto selvagem aflora
Na perdição do seu corpo perfeito e gostoso

Faz-me arrepiar
Tocando minhas partes sagradas que só você conhece
Só você sabe manipular, seja com a boca ou com suas hábeis mãos
Que tocam, que empurram, que esfregam, que puxam
Mãos úmidas, mãos extasiantes que me tocam
Levando-me à loucura
Como que levitando eu estivesse

Queime-me
Com as labaredas vivas desse fogo não refreado
Fogo devasso, fogo que lateja, que arde e que fere
Junte teus beijos, iguais aos que sonhei
Ofusque meu olhar com o brilho dos teus olhos desejosos

Rasteje junto ao meu corpo
Como uma serpente rasteja pela terra
Seja meu corpo o terreno fértil de amor
Que seja esse vai e vem constante, o ápice!
Enroscada e presa em meus braços
Façamos amor entre beijos e amassos, apertos, carícias e gemidos!

Deixe-me louco!
Deixe-me desordenado, deixe-me num caos!
Num desatino inexplicável,
Onde o bem e o mal se forjam, onde a luxúria, o pecado,
Aonde a devassidão, a obscenidade venha nos arrebatar!
Mata minha sede de amor criatura!
Mata essa vontade louca e notória de te querer
Deixa escorrer em mim a simetria morta da tua loucura
Faça do meu orgasmo,
O sacrifício de nossas penitencias.

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