Blog de Sonia Delsin

... E NÃO FOI

Eu era uma menina a primeira vez que te vi.
Teus olhos verdes me impressionaram.
Meus sonhos habitaram.
Mas me perdi de ti.

O vento do destino nos afastou.
Outro vento nos reaproximou.

Que era tarde para nós eu descobri.
Já existia outra.
Outros caminhos foram traçados.
Vivemos uma vida afastados.

De vez quando eu te revejo.
Não existe mais o desejo.
Não imagino um beijo.

Nem sei porque teus olhos ainda me tocam.
Apesar dos anos passados.
Acho que no mais profundo de mim eles ficaram guardados...

No imaginar do que poderia ter sido... e não foi.

AMEAÇA

É um negro céu.
Um negro véu.
É tudo que ela mais teme.
Ela geme.
Se encolhe.
Recolhe.
Um dia tão distante guardado no mais íntimo do ser.
Sabe bem que não é o que deve fazer.
Sabe que precisa se libertar do passado.
Do que ficou armazenado.

BICHO PAU

Eu o encontro entre as folhas da minha trepadeira.
Toco-o sem querer e ele fica se balançando.
Parece que está dançando.
Pra mim.
É, tem de tudo no jardim.
Tem colibri que me encanta.
Tem tanta planta.
Borboletas que revoam.
Abelhas.
E tem até este esquisito bichinho.
Que se move devagarzinho.
Mas quando se sente ameaçado.
Fica se balançando ritmicamente.
Será que é uma autodefesa ou ele está querendo me amedrontar?
Ai, que medo!
O meu dedo vou afastar...

LÁBIOS DE MEL

Tu me levas pro céu.
Lábios de mel.
Tu me tentas com estes teus olhos penetrantes.
Depois que te conheci nunca mais foi como dantes.
Lábios de mel.
A vida é assim...
Um favo.
Que precisamos sorver para bem viver.

GOSTO DE TI

Gosto do teu jeito.
Dás colo sem ser pegajoso.
Amas de um jeito gostoso.
Gosto de ti.
Da tua alma.
Do teu corpo.
Gosto de teu peito largo, teus braços bons...
Eles me acolhem.
Gosto de tuas mãos.
De tua boca.
Do teu beijo.
Do meu e do teu desejo.
Gosto quando brincas comigo.
Quando me divertes.
Quando te entretes.
Quando cantas, quando tocas teu violão.
E te perdes na canção.
Gosto de ti, gosto tanto...
Teu olhar me envolve docemente.
É tão bom estar contigo.
É diferente.

RUBRA BOCA

Ela retoca a maquiagem.
Capricha no batom.
Sabe que tem lábios convidativos.
Conhece as armas da sedução.
É uma mulher que já sofreu muita desilusão.
Mas não perdeu as esperanças não.
Acredita.
Espera.
Que um homem se encante com seu beijo.
Enlouqueça com seu desejo.
No espelho um último olhar.
Quem sabe nesta noite ela não vá beijar?

POEMA PARA UMA FLOR

Rose.
Rosa.
Flor.
Tantos poemas nasceram inspirados em teus olhos diamantes.
Estes teus olhos azuis tão brilhantes.
Rose menina.
Rose mulher.
Gostamos do teu jeito.
Deste teu jeitinho especial.
És uma flor sem igual.
Adoras poesia que eu sei.
Então, minha querida, este poema é pra ti.
Eu te dei.

A PÓ REDUZIDOS?

Elas estão ao chão.
Já nem podem lamentar.
Nem me suplicar.
A pó serão reduzidas.
Mas não é este o fim de todas nossas vidas?
A pó a matéria que de nada serve.
Foram lindas rosas.
Hoje são pétalas caídas, murchas, doloridas...
E nós?
Quem somos nós que de tão forte nos fazemos?
Rezemos.
Por todos nós.
No fundo, no fundo, estamos tão sós em busca de nós.
A matéria se acaba, e a viagem não...
Um dia, um dia, alcançaremos outros mundos, uma outra dimensão.
Talvez muito em breve alcancemos mundos superiores onde não se lamentam mais as dores.
Somos mais que flores?
Somos do eterno as sementes vivas que nascem, morrem, renascem, remorrem... renascem...
Até que chegue um tempo outro.
Aquele em que tudo está purificado.
O ser totalmente santificado.

UM CICLONE EM MINHA VIDA

Na minha vida tu foste um furacão.
Passaste arrasando tudo.
Principalmente meu coração.
Por ti eu senti verdadeira fascinação.
Até descobrir que tudo aquilo que eu imaginava era tão somente uma bolha de sabão.
Que subiu no ar e eu fiquei assistindo.
Admirando.
Aos poucos fui descobrindo.
Tinhas a beleza fugaz de uma bolha colorida.
Vieste bagunçar a minha vida.
Depois que passaste compreendi.
Era apenas utopia tudo que senti.
Só o que quis ver eu vi.
Nem lamento que tudo tenha sido apenas uma fantasia.
De tudo tiramos lição.
Se eu era mais impulsiva.
Aprendi contigo a agir com mais moderação.

UM PÔR-DO-SOL QUALQUER

Sento-me a um pôr-do-sol qualquer.
Para admirar.
Para lembrar.
Para pensar.
No passado tão distante.
Nada mais será como antes.
Mas era tão bom olhar o sol morrendo.
Você me envolvendo.
Tardes de minha vida que não esquecerei jamais.
O passado não volta mais.
Mas eu guardo a sensação.
Da sua mão.
Correndo na minha face, no meu ombro.
Descendo, descendo...
A tarde ia morrendo.
E eu nos seus braços parecia que ia nascendo.