SEUS FANTASMAS
(para uma amiga)
Eles chegam quando a noite se faz mais calada.
É triste a madrugada.
Durante o dia ela sorri.
Disfarça.
Não que seja uma dissimulada.
Mas finge ser feliz na sua estrada.
Como ser feliz com tantas perdas?
O que lhe sobrou?
O silêncio, o vazio.
A cama está gelada.
Ela vai até a janela e olha a calçada.
Tantos sonhos!
Tantos.
Os sorrisos chegam.
Primeiro da filha amada.
Também seu amado vem chegando.
Parece que vai lhe abraçando.
Depois chega a serviçal.
Igual a ela ninguém faz o serviço da casa igual.
Chega o filho ausente.
Ele está ausente, mas é presente.
E a netinha.
Então ela consegue retribuir o sorriso para seus fantasmas.
Alguma coisa lhe sobrou do mundo que desmoronou.
sonia delsin