Blog de Sonia Delsin

- ENTREGUE ÀS ONDAS

O corpo solto na espuma do mar.
Um doce afogar.
Pra no fundo das águas,
num reino encantado.
Achar seu amado.

TOLA

Rasgo o peito.
Sangro.
Sou toda dor.

Quando feliz...
toda sorrisos.

Extremamente, ligeiramente tola...

Sinto solidão.
Choro a toa...
Vibro.
Rio por nada.

Sou como todos os sentimentalistas.
E me sinto tão tola...

CASA DE JANELAS AZUIS

A casa era tão simples.
Pequena, mas bonitinha.
Estas casas com gramado, com cerquinha branquinha.
Na fachada uma porta e duas janelas do lado.
Azuis.
Na da esquerda eu sempre via o casal debruçado.
Ficavam conversando.
A rua olhando...
Namorando.
Eu os via tão juntinhos.
A fazer carinhos.
Com meus botões eu pensava que naquela casa a felicidade morava.
Mas tudo pode mudar.
Depois de uns tempos eu vi o homem sozinho com o olhar baixado.
Soube que estava sempre a chorar.
E que ela havia falecido.
Deixara tão triste e tão só o seu querido...

NÃO QUERO

Não quero viver apenas o que faz sentido
Eu quero tudo que existe de bonito
Quero o infinito
Não quero dias iguais sob o céu
Quero saborear o favo de mel
Quero teus dentes mordiscando minhas carnes...
Quero tua boca na minha nuca me pondo maluca
Não quero horas vazias.
Quero alegrias.
Quero você nos meus dias...

PEQUENO COLIBRI

Veja, colibri
Estou aqui
A te olhar
A te admirar
Tu gostas deste lugar
Eu também
Me faz tão bem...
Colibri,
Este jardim vive a me esperar
Aqui quero sempre voltar...

UM MILAGRE

Queria de ti
Um sorriso que não vi
Queria de ti um beijo
Que não senti
Queria de ti presença
Queria ter mais paciência
O tempo é curto aqui
Um dia eu descobri
Que foi pra ti que eu nasci
Mas a vida não colabora em nos aproximar
E tu pareces nem notar que o tempo passa depressa
E que estamos nos distanciando
Sigo mesmo assim te amando
Um milagre dos céus esperando...

UM ABISMO ENTRE NÓS

Tenho consciência
Plena consciência
Que existe um abismo entre nós
Já ficamos a sós
Compreendemos os nós
E ainda assim um abismo está a nos separar.
Eu me lembro
Mas tu te esqueces.
Que podemos voar

CORAÇÕES SEDENTOS

Te encontrei de uma forma inusitada
Plena madrugada
Te encontrei numa destas esquinas da vida...
Na verdade, na verdade eu andava morrendo naqueles tempos
Morrendo de tristeza
E tu chegaste me trazendo esperança, alegria
E poesia
Incrível como o nosso encontro foi marcado pela poesia
As conversas longas, francas, abertas
Eram arestas
Nossas almas faziam festas...
Te encontrei porque te precisava
E tu também me buscava
Sem saber
Precisávamos apenas disso
Do encontro
Num ponto qualquer da vida
Acaso?
Que acaso que nada!
Nós nos buscávamos pelo espaço afora com corações sedentos de ternura
E nasceu entre nós esta coisa tão pura

TEMPO INGRATO

ontem nós fingíamos
que não temíamos o amanhã
ontem nos brincávamos de esconde-esconde
sob o luar
brincávamos
e nos descuidávamos
deixávamos o amor tomar conta de nossos corações
ontem éramos crianças
e hoje somos tão adultos
que nos incomoda até o vento que vem nos lembrar
que conseguiu o amanhã nos separar

A DOÇURA DE UM MOMENTO

esquecer?
como esquecer teus olhos?
tuas mãos, tua boca...
como?
nem que eu estivesse louca.
penso em ti todo dia
se isso me dá nostalgia?
e uma imensa alegria
penso na doçura de um momento
e esqueço todo o sofrimento