DESDOBRAMENTO
Eu fechei meus olhos.
Os olhos físicos.
Esta matéria que vai se acabar.
Os olhos d’alma nunca que vou fechar.
Me transportei para um lugar.
Um campo de trigo que muitas vezes visitei no meu imaginar.
Lá chegando eu me sentei.
Fiquei ouvindo os cachos maduros, o farfalhar.
Meu ser que é de muito silenciar se pôs a rezar.
Baixinho.
Uma prece a um ser que tudo ouve, que tudo sente.
Um ser que tudo pode abranger.
Tantos mistérios neste nosso viver.
Vou a um campo de trigo.
Sozinha.
Não tenho medo.
Lá existe um segredo.
É o mais antigo lugar que visito.
E o mais bonito.
Ouço o cair de um grão.
Abençôo o chão.
E volto a este meu corpo.
Nunca aceitei a prisão.
Sei que quando quero posso alcançar outro lugar na amplidão.