.
.
.
.
.
.
.
Cartas voando... Viravoltando...
Passado esvoaçando e cobrando
Respingado de desejos escondidos...
Pelas injustiças sofridas de uma vida
Transbordando em seu pleno ardor...
Subtraída a não poder doar o amor
Ah!... Cartas de lacerante ousadia...
Onde se escondem todas as lascívias
Em teu lume penetrante, assediador...
Lubrificando a luxúria e o doce torpor
Cartas alucinadas de plena agonia...
Inspiradas no cárcere, com sintonia
Palavras sussurradas no nosso ouvido...
Que nos invadem... Assediam e seviciam
Deslizando de atrevimento libertino...
Como água benta dentro do labirinto
Mais intensas que teu desejo carnal...
A nos possuir... Libertando-nos do mal
Embriagando o nosso corpo de mortal...
Com seu prazer selvagem e animal
Cartas proibidas... Fervente caricia...
A nos fazer sentir pulsar... Mil delicias
Enfeitiçando cada fibra do nosso corpo...
Que entorpecidos requerem o teu serviço
Teu atrevimento, desejos de ousadia...
Levam-nos à loucura ardente da poesia
Nessa tinta que corre de tua pluma...
Escrevendo toda a ardência da chama
Tinta carmim de tua angústia latente...
A deslumbrar seduções no horizonte
Cartas de Sade, carnalmente libertinas...
Produziste o início da revolução soberana
Polêmica que te levou à prisão perpétua...
De onde nos mostraste a força eterna
Visão e gozo insaciável, poder prazeroso...
Que emanaram de tuas mãos ardorosas
Cortando nossa roupa, nos deixando nus...
Para viver esse momento belo, puro e cru
Possuíndo-nos com teu desejo insaciável...
Para deixar ao mundo o teu toque genial
Duo: Salomé & Hilde
*******************************************************
(Dedicado a Donatien Alphonse-François de Sade)
Àquele que foi denominado o escritor mais absoluto de todos os tempos... Com suas obras belíssimas sendo ignoradas por mais de um século... A maior parte delas escrita na prisão e num sanatório para loucos... De onde ficou injustamente por quase 30 anos. Marquês de Sade pode ser considerado o mais típico e o mais incomum representante do outro lado do Iluminismo. A psicopatologia da volúpia desenfreada violenta teve um notável papel simbólico, no pensamento de autores como Foucault, o teórico francês Gilles Deleuze (1925-95), e outras pessoas envolvidas com o desejo sexual e sua relação ao poder político.