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Hoje… não tenho necessidade do meu espelho
Para conferir o que ainda sou ou deixei de ser,
Para vislumbrar a verdade do Eu e do meu viver
Ou a simples curiosidade de querer me conhecer
Quanto tempo já se passou desde aquele dia!...
Onde eu, ainda perdida e sentida da vida me
deparei com aquele que soube acontecer e fazer
com que acordasse desta minha ilusão de viver
Nunca tive noção, de que tudo tinha sido em vão,
Esse tempo todo, perdido numa simples actuação
Até você se decidir a entrar na minha existência,
Impondo sua presença a este corpo desordenado
Naquele nosso primeiro olhar… inigualável emoção,
Que sem o saber resgatou meu coração condenado,
Me obrigando a contemplar o que havia desleixado,
Me intimando a ser e a olhar para o alem do querer
Aos poucos... você gravou seus rastros no destino
Me fazendo ver rostos fracos que nunca quis ver,
A fraqueza e insensatez que nunca quis entender,
O que pensei ser amor quando não passou de ardor
Você me fez caminhar entre enigmas desconhecidas,
Denodar trilhas sem nome, escuras e desaparecidas,
Você me deixou vislumbrar tua presença assombrada
Que por vir nas madrugadas, nunca deixou de existir
Hoje, ao olhar para o mundo, não há mais o passado,
Nem um segredo, nem um medo para me atormentar,
Somente esta liberdade de querer, de te amar e viver
Enquanto o mundo vaga na escuridade tentando ser
Aquela... que um dia quisestes desvendar e lapidar,
Hoje renasceu com um sorriso e novo brilho no olhar;
Não foi necessário a ciência, nem o encanto ou feitiço
Mas somente o absinto da tua poderosa presença.
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Salomé
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