Solto um pensamento ao vento
Moribundo em atroz desalento
Na tristeza de mais um momento
Corro os meus olhos vazios
Pelos cantos tão sólidos, frios
Explorando os casebres sombrios
Movo minhas mãos castigadas
Escrevo palavras cansadas
Que soam por horas malvadas
Mas sinto com serenidade
O porvir de uma felicidade
Num peito onde só há tempestade
E abafo com força o meu grito
Em face de um ser tão bonito
E me explode por dentro o conflito
E me escorre o desejo na face
E na boca me vem todo o impasse
Do medo do que me desgrace
E o meu eu a mim mesmo convida
A sentir todo o frescor da vida
E esquecer toda dor já sentida
Caminhar sem mais olhar pra trás
Me entregar a essa coisa voraz:
Te querer cada vez muito mais
31/08/00