O que resta depois do amor?

Foto de Olenka
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Era noite quando vagueava pela rua, embrenhando-me na escuridão.
A rua estava deserta mas eu não me sentia sozinha pois levava comigo um raro sentimento.
Eu, banhada em felicidade, desejei partilhar essa saudável emoção com quem encontrasse pelo caminho.
Acontece que, a medida que caminhava, a emoção dissolvia-se e, o espaço que libertava foi reabitado por um novo sentimento: um sentimento doente, que lentamente cerceava a alma,
assemelhava-se muito ao cansaço porém não era físico. Dei por mim desnorteada... completamente perdida nessa rua que outrora fora-me familiar.
Ah, senti na carne o corroer das correntes de dependência… que em tempos passados, de bom grado envolvia em torno do meu corpo. A maravilhosa emoção que conheci há pouco deixara de ser doce, ingénua e gentil e transformara-se num vício, num hábito, numa vulgaridade… Assim partiu, deixando a minha mente abalada pelas recordações agradáveis… Que fim miserável teve o meu amor…
E, quando já não restavam vestígios dessa emoção, senti-me livre, concretizada… Mais tarde descobri que essas novas emoções eram de pouca dura pois o espaço que o amor ocupava no meu coração ia sendo preenchido a pouco e pouco pelo vazio, pela saudade, e, talvez até pelo desespero…
Eis o que resta depois do Amor!