Quando entro em minha sala
É como se descesse um véu
Ainda bem que eu tenho
A minha janela do céu.
Quietinha no meu canto
A ninguém preciso ouvir.
O que mais desejo agora
É dali não mais sair.
Mas, toca o telefone.
Eu o atendo cordialmente
Embora esteja, no momento,
Só com o corpo presente.
Quando o amado se vai,
Eu, da alma, sou ausente
Nem um fato interessante
Por estes dias me prende.
Volto a olhar a janela.
Prende-me o azul-verde do morro
Alguém chega à minha porta
E eu quero pedir socorro.
Quando será que ele volta
Para tirar-me esse véu?
Quando sentirei de novo
Minha sala como um céu?