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Os dias correm feito raios pelo céu
E tudo o segue: borboletas, mariposas,
Árvores, flores, frutas, montanhas e animais.
Sob os olhos dos raios nascem filhos,
E sob os olhares do sol abrem-se brotos
E flores, amadurecem os frutos e os filhos.
Os dias correm sem ter nenhum propósito.
E o homem, geme o realejo das lembranças,
Prende-se ao passado, já sem distâncias.
Pensa o futuro nas ondas que não vieram
Perde-se nos dias sem nenhum prognóstico
E a si mesmo faz espera pelo vento que o leva.
Mas o poeta, o poeta canta tudo o que vive,
E o que não vive, faz viver em suas letras.
Feito o rio, cuja água sempre nova traz o broto,
Feito a sombra que espreita o sol que tudo louva,
O poeta canta o rio que se avoluma em utopias
Na dimensão do tempo do infinito sem rotinas.
Marilene Anacleto