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Vem, querida!
Faz-me ser a tua flor,
Banha-me com tua cor,
Tira-me essas mazelas.
Não são minhas e insistem
Em tornar-me muito triste
Nesta rica primavera.
Pulula em minhas pétalas,
Acorda os sentidos mortos.
Se for mesmo necessário,
Faz-me desatar em choro,
Que lave e purifique-me o corpo.
Traga-me cirandas aladas,
E pipocas cor-de-rosa,
E passeios de mãos dadas
E as antigas danças de roda.
Semeie em mim novos sonhos,
Ou acorde-me os antigos
Espraiados sobre as flores,
Cristalizados nas ondas,
Desenhados em róseas nuvens.
Que as cores da primavera,
Trazidas por ti agora,
Sobreponham o inverno
De minha alma nessa hora.
Ajude-me a esquecer o agora.
Marilene Anacleto