Frio. Naquele tempo, só tinha isso.
Cachecóis, casacos, meias de lã,
Nove noites de espera, de suspiros,
Pouca luz, o rosto dos namorados futuros
Colhiam na alma imagens de anjos divinos.
Longo dia, manto de ensaios das falas,
Mãos perfumadas para colher sonhos
Em balés, na noite que custava a chegar,
Para o possível abraço do amor eterno.
Domingo. Dia do santo. Dia de sol.
Rostos leves, sem gorros e cachecóis.
Os sonhos berçados na longa semana
Materializam-se em enredos celestiais.
E as surpresas não afastam o calor
Das ilusões da semana a sonhar beijos.
- Não é tão lindo quanto parecia ... -
A piscadela marota acaba em casamento
Sonhado a cada noite de novena, de desejo.