Houve um tempo que eu era um menino
que brincava na rua, rodava pião...
catava taquara pra construir pipas,
e era um craque em jogo de botão.
Pra escola, todo dia, eu ia feliz...
no meu boletim era só “nota 100”
minha professora me ensinava tudo
e em todas matérias eu me saía bem.
Depois cresci e entrei pro ginásio,
lá conheci o meu primeiro amor;
por ela senti a primeira saudade
e no peito menino a primeira dor.
Quando menos senti já era um jovem
e no Mappin comprei meu primeiro violão;
conheci mil amores e todas levaram
consigo um pedaço de sonho e canção.
Um dia me vi no espelho um adulto
cheio de compromissos e contas a pagar,
um casamento, uma esposa, uma filha
e um sonho: família, uma casa, um lar.
Passou o tempo, foi embora a família...
do lar que havia sobrou o violão...
no peito, a saudade virou poesia,
dos sonhos que eu tinha, ficou a canção.
Hoje os cabelos não escondem o branco
mas, ainda tenho no meu dia a dia:
amigos do peito, leais companheiros,
um violão, a canção e a poesia.