Se o meu rosto pudesse denotar o que sinto, tornaria-me irreconhecível a qualquer um que já tenha me conhecido, hoje ou no passado.
Se meus olhos cogitassem tudo aquilo o que vejo e observo, tão mais distante eu me tornaria de tudo e todos quando me exaltasse às coisas que evito.
Se meus gestos compartilhassem da minha vontade mais concreta, ainda mais inerte eu pareceria ao mundo, pois meus atos estariam tão absortos na verdade mais profunda que já não teriam valia relevante.
Se minhas mãos pudessem dissipar a tristeza contida nas lágrimas que já não tenho, então eu poderia dizer adeus pela última vez.
Se minha boca fosse capaz, agora, de expressar todas as coisas que me afligem, eu talvez deixasse de ser uma pessoa se encaminhando para o fim das coisas e passaria a ser uma pessoa que sempre fez parte do fim.
Se o meu coração fosse dono de todas as soluções, meus pensamentos de todas as vontades, meus lábios de todas as verdades... somente então eu compreenderia e conseguiria explicar porque tanto fiz por todos, porque tanto fiz por mim, porque tanto deixei de fazer, e principalmente porque tão pouco faço.
Meu maior medo é o medo de ter medo. Meu maior receio? Não
encontrar coragem a tempo...