Ao voltar de um momento de descontração, onde viajava em pensamentos, vejo absurda e literalmente o paradoxo projetar-se à minha frente...
De um lado, a luz, o verde, o estonteante amarelo de um ipê desabrochando sem limites! Do outro, olhos inchados, desalento, dor. Dor intensa, porém contida, como que com medo de aflorar...
Vejo por uma fenda milimétrica da janela do ônibus esses dois momentos presos num só olhar meu...
Num olhar feliz que me pareceu inoportuno, quase ofensivo, diante dos olhos de quem acabou de passar pela vida...
Fico paralisada, estática, procuro o choro que não vem!
Por um instante tento fixar meus olhos nas mãos dos que acariciam a morte numa muda, mas frenética despedida. Meus olhos porém, como que driblando o momento funesto, se inundam de amarelo. Procuro o choro, desponta a vida!
Oh! Céus, não posso me envergonhar de ser feliz!
Ivy Portugal