Blog de Henrique Fernandes
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Chegas tão bela Primavera meu amor
Ajoelho-me apaixonado pelo teu fascínio
Vergando todo o meu talento a teus pés
Primavera madrinha do nascer do dia dos amantes
És poesia das cores que os pássaros cantam
A magia das flores que me encantam
Um poema escrito com os olhos na tua fonte
Jorrando as maravilhas do paraíso pelos campos
Adormecidos pelo Inverno que agora parte triste
Deixando seus versos na pétala de uma flor
Rimando abraços com passos nas fragrâncias vivas
Num quadro que contempla a voz dos poetas
És musa que me acorda no bailado das ervas frescas
Uma sinfonia de alimentos á vida da terra
Chegas capital ás vénias da tua filha paisagem
Mãe sorridente dando á luz o florir das árvores
Vestidas com o branco virgem e ficam noivas
No altar do sol que as honra com amor da natureza
Para seres vitamina e avó lírica de novos frutos
Ah Primavera que inveja desse teu poder lindo
O teu ar dá privilégio á harmonia das coisas belas
Depositadas no olhar e desaguadas nos sentimentos
Se fosses mulher era contigo com quem casava
E fazíamos amor sobre um colchão de utopias
Em lençóis de rosas formando letras de paixão
Entre o cantar de novos tons á luz da lua
Num coro de cigarras ao luar dos sonhos
Primaveris na cortina da inspiração nascente
No cintilar das estrelas nos teus abraços
Que rendam a vida de muita vida Primavera
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É tão perfeito o silêncio
Quando tudo o que sei me chega á alma
Deixando uma luz entre as minhas mãos que ousam
Pedir á mente que retire o arame farpado
Da fronteira entre o sentir as coisas tal como elas são
E entre o sonho que contesta agitação
Fazendo pairar em mim sensações
De que o amanhã fica para depois
De chegar um pouco mais adiante na realidade
Nesta estranha demolição do tempo
Que mato alado de ansiedade já morto por si próprio
Rendido a uma eternidade que não testemunharei
Mas que não hesitará me transpor leviana
Numa importância errada e aprendiz do sério
Que esqueço durante o meu acontecimento
Não me incomoda a ida de hoje por diante
Vinda de uma inocência crua e isenta
Das minhas tentações que não invento
Os eventos sem escolha das minhas emoções
Sigo na vaga da intuição que chama por mim
Sem demoras nem poluição de lamentos
Ganhando raízes num lema de confiança
Como intermediário que me ampara as quedas
Um lema que explode no meu ego
Que a tristeza da solidão acaba
Quando a solidão é liberdade
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Vem comigo acordar no autêntico da beleza
Agarra-me com toda força e ondularemos
Pelo maravilhoso e deixaremos oscilar
Nossos corpos em vagas de volúpia
Tombando fogosamente uma muralha de pecado
Sobre uma abrupta cortina de prazer espantoso
Que nos faz subir ao céu avolumados de suor
Apinhados de azafama num impulso de luxúria
Fazendo tremer o Sol com a nossa depraves
Amortecendo a gravidade em sedução
Engolidos por excitação no estremecer do corpo
E aspiramos as nuvens com fôlego destravado
Desencadeando maremotos entre os lençóis
Numa memorável visão do extraordinário
Desenfreados por gemidos profundos
Celebrando a extremidade de um orgasmo
Que se proclama Deus dos nossos movimentos
Sem deplorar o tempo gasto nesta calma fugaz
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Cravo em mim a espada do querer
Bem fundo no peito dos medos
Empunhando firme idade e saber
Desfiando de bem alto os segredos
Envergo um escudo de coragem
Com o destino traçado na armadura
E sinto nas veias alta voltagem
Soltando-me na energia da aventura
Absorvo o sol e encaminho o vento
Na direcção que havia sonhado
Fabricando o meu momento
Nas duvidas que me haviam parado
Descarto um mapa inteligente
Adquirido no passar dos anos a fio
De era em era na época de ser gente
Abastado de força em que confio
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Perco a noção do quanto sou louco
Criando entre mim uma alegria total
Adicionando gosto ao que sabe a pouco
E tento doar ao bem o herdado do mal
Sou mestre que verga a tormenta
Encapuçada no bosque das incertezas
Entendo o que a natureza argumenta
Incompatível com as nossas fraquezas
Sou louco de tão saudável ser
Por saber ser impossível alterar
O destino que não pára de acontecer
Nesta viagem que termina no continuar
Assisto-me autor dos meus actos
Em dramas e comédias que dão vida
Num quase perfeito de todos os factos
Que compõem a paz conseguida
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Sou cheio de diversidade
Avanço de único sentido
Sou capital da verdade
Tornando-me bom partido
A eventualidade que tendo
São mudanças sem opção
Natureza que não entendo
Desequilíbrio sem razão
Exponho regularmente
Minha cortina de desejo
Aconchego-me discordante
Na direcção que não elejo
Senhor de abertura poética
Criador de atestas paixões
Como descarga eléctrica
Vivo amor sem emoções
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Pouso a mão no horizonte
Sombreando o rosto de saudade
Olhando a distancia sem ponte
Sobre a passadeira da idade
Solto um suspiro além cumes
Das montanhas que me sufocam
E recebo em mim os perfumes
Das dificuldades que evocam
De braço dado com o vento
Persigo um ar de paz
E solto a voz do descontento
Cúmplice do que sou capaz
Deixo-me levar pela natureza
Como um menino ao colo
Bebendo gestos de beleza
Partilhados por todo meu solo
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Nostalgia que tormenta
As noites e os dias
Num pranto que lamenta
Duas almas vazias
Solidão é crueldade
Que varre a luz do dia
É impotente verdade
Que os sonhos esfria
Os prazeres são nulos
E brandos os sentidos
De sentimentos fulos
Sem eco perdidos
É um nada que é tudo
É ser isento e estar atado
É poder gritar e ser mudo
É um viver cansado
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Sou sombra muda
No auge que desnuda
Amor e simpatia
Pinto no horizonte
Pureza da minha fonte
Assinada pela melancolia
Espolio de fragrâncias
Datado nas minhas carências
Obsoletas sem afecto
Rumando ao destino
No expoente da voz
Desconhecido dialecto
Sou pioneiro da loucura
Estirpe da ternura
No segredo da escuridão
Acordo nas ondas do mar
No tempo de voltar amar
Sem camuflar o coração
Dou sem receber
Partilho todo meu querer
No beijo que me dá o vento
Nas palavras que escrevo
Dum juízo que sou servo
No teu melhor momento
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Quero sentir na pele
O mel do teu amor
Entrar na tua vida com calor
Forasteiro a quem darás valor
Surge tua luz na noite
Enaltecendo tua grandeza
Não permites que eu escureça
Em duvidas na certeza
Aqueces o azul do meu mar
Madrugada fora
Teu olhar constrói
A força da nossa hora
O sentimento que trago
Vestido no meu peito
É de sol e lua bordado
Pelo teu efeito
Saboreio tuas palavras
Na minha própria loucura
Palavras lindas
Pelo caminho da nossa aventura
O sentir que penetra
Mais fundo
É a luz do nosso amor
Ao mundo
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