Nasce-se no final.
O tempo começa ao contrário a ser contado devagar,
À espera, crescendo só o corpo rápido,
Que as memórias guardam-se aos poucos.
A vista abre até não ter horizonte que se lhe faça frente
E até andar a queda é o mais importante.
Porque não basta andar, não se aprende só andando.
O chão é duro, mas faz bem.
As palavras saiem definidas,
Alegres, crianças, queridas,
Antecipam a escrita nunca tão bela
Por mãos destreinadas de linhas singelas.
Crescer, palavra que me faz encher os pulmões
Do verde que vai faltando aqui e ali
Só o há em quem cresce, são eles quem o trazem,
Quem o colocam ao alcance de todos.
São as crianças cujos sonhos partilham
E se deixam saber, que nos fazem falta
Para encher até os campos verdes de verde.
Por isso digam-lhes, sonhem, cresçam, vivam.