Mãe... o ciclo girou... girou...
E se fechou.
Hoje... um novo ciclo começou.
Ontem você era minha fortaleza,
meu escudo e proteção.
Amparava-me com suas santas
e abençoadas mãos.
Hoje... vejo-te tão frágil, dependente
e tudo faço para que fique contente...
Quero que tenha o mesmo amor que me ofertou,
faço-me mago para adivinhar qualquer desejo seu,
reconheço cada olhar dos olhos seus.
O olhar pidão... ansiando por carinho e proteção!
O olhar de alegria... que tudo ao seu redor irradia!
O olhar de alforria... clamando por um pouco
mais de liberdade,
tentando fugir da severidade do seu tratamento,
zero açúcar, zero sal, zero gordura,
eliminação total de tudo que satura.
Hoje... mais uma vez te levo ao hospital
e empenho-lhe mais uma vez meu aval.
Prometo-lhe que vai sair desta,
que sua vida ainda será de muita festa,
que juntas teremos ainda muitos anos
de cumplicidade
e que a sua idade, os seus noventa e dois anos,
em nada atrapalhará nossos planos.
Hoje... mãe... você é o meu bebê...
E farei por você o que hoje sei
e também o que só amanhã saberei
porque te amo, mãe
com um amor tão grande... tão pleno...
que só você consegue ver...
um amor que em palavras
jamais saberei descrever
porque ele é imensurável... impalpável
e vai além do tempo!
Carmen Vervloet