Blog de Carmen Lúcia

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Oração à minha mãe

“Oração à minha mãe”

Teu dia se aproxima...
Aquele no calendário marcado.
Mas, na verdade, deveria ser todo dia,
Um só é muito pouco,
Pelo muito que deve ser comemorado.

Mãe, mesmo não estando aqui
De corpo presente,
Vejo-te a todo momento, em qualquer tempo...
Onipotente!
Estás em tudo que faço, sinto e falo...
Porque sou parte de ti,
Eternamente!

Te fazes presente em minha inspiração,
Nas rimas de minha poesia
Naquela nossa canção
Que cantávamos em sintonia
E gargalhávamos inventando a melodia...

Nas tardes de primavera
Em que tua beleza se confunde à dela...
Nas flores que colho de nosso jardim,
Rosas , hortênsias, lírios, jasmins,
Postas num vaso da sala, onde teu perfume exala.

Como crer que não mais existes,
Se a tudo tu me assistes...
Quando chego da rua,
Gelada do frio, molhada da chuva
E em minha mão sinto a tua
E teu calor a me esquentar...
Ao fazer aquele bolo de fubá
E o cheirinho de café a se espalhar...
Outro como o teu não há!

E mesmo, quando estou triste
Sinto teu colo, teu amparo,
Tua canção de ninar, teu embalo...
Meu coração se consola,
Minha alma se revigora
E volto a sorrir, reconfortada agora...

Mãe, mudaste de patamar, de andar,
(Sem nunca deixar nosso lar!)
E ao mesmo tempo, em mim ficaste,
Senão como explicar toda sensibilidade,
Tanto amor que me invade
E que em mim sinto vibrar,
Se não é teu ser, teu coração
Que me fazem seguir em tua direção?

Mãe, neste teu dia,
Em que se reverencia
O símbolo do amor em profusão,
Aceite esta minha poesia
Como se fosse uma oração!

Carmen Lúcia

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Nunca é tarde!

Quero consertar meus erros,
Livrar-me de culpas,
Mostrar arrependimento,
Sincero, verdadeiro,
Não apenas com palavras
Que voam ao vento,
Se perdem no tempo...
Mas através de atos
Que comprovem de fato
A transparente mudança...
Consertar o que estraguei...
O sorriso que não dei,
O carinho que neguei,
A palavra que não disse,
O silêncio que maldisse,
A esperança que não cri,
O consolo que omiti...
As lágrimas que não chorei,
A verdade que olvidei,
A alegria que contive,
A mágoa que mantive,
O perdão que não foi dado,
O beijo nunca roubado...
A primavera que não vi,
O inverno que não vivi,
Os sonhos que não sonhei,
O dever que não cumpri,
O amigo que não abracei,
O olhar que recusei,
O livro que não li...
Os frutos que não colhi,
A coragem que não ousei,
O amor que não partilhei,
O prazer que não senti,
A felicidade que perdi...

Ainda há tempo...
Nunca é tarde
Para o arrependimento...
Deixar falar o coração,
Voltar-se ao mundo e pedir perdão...

Vou atravessar as pontes,
Retratar o que não fiz...
Esquecer em cada canto
O bem que ainda resta em mim
Adormecido pelo desencanto...
Uma centelha de luz,
Que em meu ser ainda reluz...
Mostrar que consigo ser
Antes dos queixumes e da dor
Uma mistura bonita
De saudade, poema ...
...e amor!

_Carmen Lúcia_

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Uma razão pra sorrir

Procuro razão pra sorrir,
Mas vejo o amor partir
Mesmo não querendo ir...
E seu espaço deixado
Nos corações, extirpado,
Ocupado pelo desamor...
Retrato claro e falado
De que amar é difícil,
Que doar-se é impossível,
Pois quem ama, cuida,
Dá-se, perdoa...não magoa,
Divide, permite, admite,
Abençoa ...

Amar dá trabalho...
Assim é que encaro...
E comparo com a realidade,
Com a solícita sociedade,
Solicitude mascarada,
Sociedade estagnada,
Que cruza os braços
Pra se privar do abraço,
Mantém-se calada
Inibindo a palavra
Num momento de dor,
Em que se faz necessária
Uma palavra de amor...

Procuro razão pra sorrir
Fazer poemas alegres, rir,
Mostrar um lado mais risonho,
Correr atrás de um sonho
Despojar versos enfadonhos,
Mas escrevo o que sinto e vejo...
E o que vejo, eu sinto...Não desejo.

Carmen Lúcia

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Até o pôr-do-sol...

O sol estava se pondo...
Tarde de outono...
Observo minha mãe
Num denso sono...
Nem percebe as folhas que caem
E amareladas, se esvaem,
Tocando seu inexpressivo rosto.
Parece querer de pleno gosto
Ir de encontro ao sol se pondo,
Sem resistência, sem confronto...
Espera que a leve a luz tênue da tarde
Sem barulho, sem aviso, sem alarde...
Frágil como a pluma a dançar no ar.
Logo ela, que se lançava aos desafios,
Entrega-se agora...Nem luta, nem chora...
Desiste a cada dia, definha a cada hora...
Espera ver o pôr-do-sol levá-la embora.
Triste saber que ela desiste...
Vacila entre o existe e o inexiste.
Tão triste vê-la
Triste...

Carmen Lúcia

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Evasivas...

Já naveguei em alto mar,
Meu corpo a me transportar,
A remar, a procurar, a buscar...
Mergulhei no abismo do infinito,
Atravessei fronteiras distantes,
Eletrizadas...Eletrizantes...
Pisei em terras minadas
Onde bandeiras fincadas
Simbolizam a lei do poder...
Sentimentos atravancados
Dominando o ter e o ser...
Quis apreender, entender, crer...
Meus braços alcançaram espaços
Inalcançáveis ...
Meus pés andaram por lugares
Intransitáveis...
Ultrapassei limites
Além de que o sonho permite...
Transpassei minhas finitudes,
Minhas altitudes e latitudes...
Estes chegares da ciência e do avanço,
Que avançam mais do que posso e alcanço...
Nada encontrei além das longitudes que desbravei.
Perguntas com respostas não contundentes...
Respostas evasivas, não convincentes...
Ou nada de respostas!
Evasivas...Somente!
Só mentem...

Carmen Lúcia

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Do sonho à realidade...

Dos sonhos que sonhei
Alguns concretizei...
Não foram muitos,
Mas sim profundos,
Busquei-os além do mundo.

Das alegrias que previ
Poucas eu vivi...
E foram tão intensas...
Inexplicável o que senti,
Momentos que nunca esqueci.

Dos caminhos que tracei
Poucos eu percorri...
Em muitos tropecei,
Caí, me levantei,
E foi aí que aprendi.

Dos amigos que encontrei
Poucos eu ganhei,
Muitos vi partir...
Sem reciprocidade,
Incompatível verdade,
Os que ficaram, zelei.

Dos amores que esperei
Muitos nunca nem chegaram...
Alguns se dispersaram,
Poucos se aconchegaram,
Todos eu amei.

Das lágrimas que não planejei
Muitas eu verti...
Dores que não imaginei,
Todas eu senti...
Destino que não tracei, mas vivi.
São as ciladas da vida
Que nos deixam sem saída,
Que nos fazem sofrer...
Mas também crescer!

(Carmen Lúcia)

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Renasça!

Anseio pelo seu retorno...
Como quem anseia pela luz do dia,
Como quem no frio, encara o desafio
E se agarra ao último e ermo raiozinho
Esquecido pelo sol, perdido no arrebol.

Apelo para que retorne...
Que me abrigue a alma, mate minha fome,
Estanque minha sede, me farte de carinho,
De sua presença, de toda querência,
Apague os vestígios dessa sua ausência.

Imploro para que renasça,
E recomecemos juntos nossa trajetória,
Clareando as trilhas que o meu pranto embaça,
Ao preencher lacunas de nosso pergaminho,
Mudando o enredo de nossa história.

Carmen Lúcia

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Tangível

Tangencias nos teus, meus lábios carmim,
Sentindo teu fogo ardendo em mim.
Apertas meu dorso no passo marcado,
Desnuda-me a pele, o vestido ousado.

Teu corpo no meu, a cúmplice entrega.
Tua mão, minhas costas, por elas trafega
As pernas transitam no grande salão,
O tango regendo a nossa paixão.

Sentimentos excedem, reduzem o espaço
Debalde consegue conter nossos passos
Cruzadas tangíveis, entremeios de ardor
Invadindo lugares de perfume e calor...

Performances sensuais e revelações
Tons avermelhados tangando emoções...
Tua alma na minha, na dança que incita
Bandolim que chora “La cumparsita”.

Carmen Lúcia & Cailiny Cunha

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ETÉREO

“ Etéreo”

Dança...Faz de tua arte simbologia do amor,
Toca o chão, o ar, a emoção... acaricia a dor,
Tange o invisível, o inaudível, o irreprimível,
Languidamente , candidamente, sensivelmente,
Esparrama no palco da ilusão a tua fantasia
Que de tão real se transforme em verbo,
E em forma corpórea, materialize-se,
Realizando sonhos, antes mera utopia.

Dança...trepida corações impacientes
Esvoaça por entre corpos irreverentes
Suaviza com doçura os momentos...
Torna-os perenes, registra-os na alma
De quem permite por eles se enlevar
E com eles também dançar, flutuar, sonhar...

Dança...Recria gestos com toda maestria,
Desbrava o mundo a que já pertencia
Sacode-o, encara-o, envolve-o de tua magia
Levita, transcende, ascende, rodopia,
Relata tua vida ao som de melodia,
Performances que geras, bailando poesia,
Desenhando versos, arabesques e rimas,
Nos passos compassados da tênue bailarina.

Carmen Lúcia

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Libertação

Se minha vida é uma prisão,
E trago contida minha verdade,
Sorriso nos lábios é simulação,
Prazer no que faço, dissimulação...
A espontaneidade cabal falsidade...

Armo-me de coragem,
Cobre-me a camuflagem,
Esperando o momento oportuno
De rebelar-me, soltar-me, achar-me...

Nesse papel em branco, caneta em punho,
Traço meu plano de fuga, um tanto soturno,
O meu desejo insano ou mesmo profano
De correr ao encontro da liberdade,
Braços abertos à própria vontade...

Libertar em poesia tudo o que sou...
Recolher a fantasia que ainda restou,
Num expressar escancarado, nada forçado,
Dançando anseios na chuva que molha
E limpa meu corpo do que o deflora...
Trazendo de volta a alma que agora
Chora a emoção, liberta a expressão,
Sorri o livre-arbítrio, afaga o que aflora.

Carmen Lúcia

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