Hoje me despeço do que sou...
Dos meus sonhos amarelados, enroscados
em teias tecidas por desencantos,
desencadeando planos inacabados,
esboçados pela falta de ânimo,
que se perderam no tempo
por nunca surtirem efeito,
lançados ao contratempo,
descorados, imperfeitos,
perdidamente desfeitos.
Despeço-me das dores,
das ausências e dos amores,
daquelas que mais senti,
daqueles que mais amei
e pelas estradas ficaram
(ou se foram?)
sem uma razão qualquer.
Coisas que ninguém sabe explicar...
E eu criança, menina, mulher,
sozinha a recomeçar...
Despeço-me das feridas
que lembram o passado
que um dia vai passar...
Recomeço nova fase...
Desponto com a aurora,
sob a luz de um novo brilho
que me guia e revigora,
a luzir o despontar
de meus primeiros cabelos brancos,
marcando nova estação
e de meu sorriso franco,
ao lado de velhos amigos, novos amores,
que comigo, entre essências e flores,
também envelhecerão.
_Carmen Lúcia_