Dentro da noite escura
as criaturas se movem em silencio
e as aves que ninguém nota
o azul espesso fura.
Como agulha a puxar o fio
sem destino, o céu como rota
Cobertos do véu da penumbra
os gatos saem furtivos
e seus olhos espelham a Lua,
somando seu corpo a sombra
que os torna assim, furtivos,
a espreita, do haver da rua
Dentro da noite escura
as cores são todas madrugada,
os brilhos são todos estrela,
e as diferenças poucas e puras...
Pois a noite iguala tudo e nada.
Porque tudo torna-se o que é vê-la
Dentre o mundo adormecido
outro mundo se revela
tal mariposas e crisalidas
a nascer do casulo rompido
para o insone que vaga e vela
outras vidas, nela, adormecidas