Amo-te oh singelo encanto
No anônimo chão desta cidade
Sem cor, amargo desencanto.
Na suja rua fedendo a conhaque
Na ausência do eu que foi embora
Versos surdos eu grito não escuto
Brilho dourado, das luzes de outrora.
É o desalento, é dor, é o meu tributo.
Amo-te oh angustia louca
Engasgar sobe pela boca
Eu grito adeus a estes meus amores
No leito teu de negras murchas flores
Amo-te oh vazio eterno,
Das mãos que não existem.
Cruzadas no peito, cálidas e serenas.
Em desenganos meus olhos veem apenas
Um doce adeus em teus versos tão tristes.
Alexandre Montalvan