AUTO-RETRATO
Atrevo-me em fazer
um auto-retrato,
que em tinta traço.
Pinto-me flor...
Colorida, cheia de cor!
Depois, pinto-me semente...
Mas logo apago descrente!
Pinto-me árvore frondosa,
Violeta mimosa...
E depois fogo ardente,
afinal sou gente!
Tenho oscilações
e muitas emoções!
Rabisco tudo sem receio
e volto ao devaneio!
Agora sou beija-flor,
sugo o néctar do amor!
Bato asas... Equilibro-me no ar!
Amo a liberdade de voar!
Sou dançarina delicada,
parto em revoada
Sem rota, nem direção...
Sou bailarina da ilusão!
Agora, pinto-me criança,
boneca da esperança!
Boneca de louça, de trapo, de pano,
boneca da vida, cheia de enganos!
Boneca de pano encardido,
trapo velho, corroído,
galopando na garupa do tempo...
No rumo do vento!
Mas tudo não passa
de errônea interpretação...
Fantasias da minha imaginação!
Apago tudo, sem restrição!
Pinto em pastel a minha alma!
Em paz... Calma!
Essência da minha vida
Jamais corrompida!
Carmen Vervloet
Todos os direitos reservados à autora