desejo

Desejei-te sempre como mulher e nunca como amiga. Me ensinaste a ti amar e não a ti apreciar, me beijas como mulher mais não me abraças como amiga, falo dos meus sentimentos como homem e não como amigo.

Faz tempo que não visito este espaço.
A vida assim o tem determinado.
Mas nem por isso me tem faltado vontade de aqui vir e aqui deixar o que no momento o meu coração dita.
Deixar aqui, para partilhar, os meus desejos, alguns bem secretos, daqueles que nem quero pensar que um dia possa realizá-los.
Hoje, porque me sinto mais só, vim em busca de um conforto, como se virtualmente isso fosse possível.
Hoje venho partilhar um dos meus desejos, ter neste momento, aqui a meu lado, alguém que me acarinhasse, que me dissesse palavras doces, daquelas que qualquer ser humano gosta de ouvir, alguém que me amasse até à exaustão, deixando o meu coração com um batimento acelerado como se fosse capaz de salar do peito.
Mas tudo isto é apenas um desejo....mais um dos meus desejos....que seria maravlhoso conseguir concretizar num dia especial para mim..... o dia do meu aniversário....

Flor de cerejeira que paira pelo ar,
tu que és bela, não vais me notar?
porque finges de mim não gostar?
porque insiste em se enganar?

eu sei e tu sabes que teu coração
só bate forte por mim
e que temos a chave desse portão

então porque ages assim ?
porque não se entregas e não deixas queimar!
deixando esse fogo transbordar
subir a cabeça, e te pirar

sentindo o calor intenso do verão!
porque continuas a pairar e a se machucar?
pra que insistis em não se entregar?

Flor de cerejeira tão bela tu és
porque não me deixas te amar?
lhe dar tudo e de tudo lhe dar ...
te fazer oscilar, te fazer completa mulher.

Mostrei o que sou !
O que realmente modulava em mim;
fui contra as marés,
emergi de um abismo sem fim.
Cruzei linhas paralelas,
corri na contramão do vento, do tempo
e me alcancei na última estação...

Rasguei minha carne, expus meu avesso,
o meu contexto
e toda a sensibilidade verbal, emocional,
escondida em contra senso,
sufocando o bem, endeusando o mal.

Postei nua minha identidade
e toda a verdade antissocial ...
chocando a realidade dura.
Vomitei iniqüidades cruas
ingeridas por razão irracional
sob forte pressão radical.

Viajo sem malas...
Sem revolta ou bilhete de volta...
Sinto-me leve, sem nada que me pese,
sem alças das parafernálias
que pendurei num tempo que já teve fim.

Sigo só... melhor assim..
Insana, estranha, profana
é o que pensam e podem pensar de mim.

(Carmen Lúcia)