Tempestade,
porque vens nesta altura
acabar com a minha luz?
Tempestade,
porque levas a minha cura,
nessa ventania que me seduz?
Partirei sobre ti,
com o meu vestido preferido,
e com um guarda-chuva aberto.
Seguirei, os teus sinais assim,
em busca do céu deserto,
por ti prometido.
Caminho descalça,
sobre esta terra que irás inundar.
Peço-te: Realça,
esta relva pela qual irei deambular.
Abre-me um caminho,
dá-me uma orientação.
Só não queimes este pergaminho,
com os raios da tua designação.
Tempestade,
aqui me tens, tu que tanto me procuraste.
Não sei a nem metade,
porque vens,
se foi porque assim juraste,
ou por desejo de me cobrir,
ou pela tua vaidade.
Só sei, que és tu a única que agora vejo,
e não tenciono desistir.
Tempestade,
será que me vais atingir com os teus raios?
Ou me beijar com a tua água?
Majestade,
levarás tu os meus paios?
Ou, vindes deixar mágoa?
O que quer que seja,
irei descobrir,
com a calma de quem colareja,
a minha sombra do meu existir.