Mendigo dos meus olhos,
Porque tens medos,
Revela-me os teus segredos
E não escondas essa face de mistério
Olha Para ti
Renasces nos becos, nas ruas
Alimentas-te da solidão e da esperança
Teus sonhos são escassos
Tua vida é inútil, aos olhos dos que não te entendem
Tua imagem reflecte-se
Nos rios da cidade
Nas sombras das esquinas e
Nos bancos solitários
Eu percebo-te,
Não te ouvem
Não te deixam viver,
Olham para ti com olhos de desprezo
Preferes o teu cobertor
A quentura das ruas
Optas pela tua humilde liberdade
Acabas por vezes
Num beco sem saída
Onde os pesadelos se libertam
E entranham-se na tua pobre mente
Esqueces-te do que és
Desprezas o teu sorriso
Carregas contigo a dura realidade
Transportas os pesadelos que te amedrontam
Todos os dias
Vives da esmola miserável
Comes o que nós desperdiçamos
Mendigo diz-me,
Diz-me o que não sei,
Conheço apenas um pedaço de ti,
E gostava que me segredasses o que os
Meus sentidos não vêem
Ou ouvem ou sentem
Por mais que te escondas
Eu quero encontrar-te
Pegar-te pelo braço
Levar-te para bem longe daqui
Então aí vias
O que a tua mente
Não te deixava ver
A brisa da paz
A luz da esperança
A beleza do amor
Consegues ver?
Com os teus olhos
O verdadeiro homem que és?
E não os que te pintam de forma cruel?
14-Outubro-2008