Ainda que eu fale tudo o que penso sobre a aparição dessa aberração política, o que sai da boca de Bolsonaro deveriam ser tiros pela culatra. O problema é que é isso mesmo, as pessoas estão apoiando o discurso dele.
Eu entendo a rejeição ao PT, por motivos óbvios, mas esse pleito mostrou que não se trata disso. Todos os outros candidatos do primeiro turno são disparadamente mais capazes e conhecedores das prerrogativas de um presidente da república, portanto não se trata apenas do voto útil pelo antipetismo, é muito mais grave. Apoiar Bolsonaro significa corroborar a descentralização da violência, do racismo, do armamentismo, do ódio, da misoginia, homofobia, machismo e de todos os outros preconceitos que acompanham os seus discursos.
O mais preocupante disso tudo é ver alguns educadores, intelectuais, pessoas com nível superior, endossando o discurso torpe de um sujeito tão ignorante e déspota quanto Bolsonaro. Hitler ficaria com inveja.
É muito grave ver pessoas instruídas, sobretudo educadores, vendarem os olhos e abraçarem para si essa causa fascista. A impressão que eu tenho é que os fantasmas dos livros de história saltaram para o presente, que os homens e mulheres "de bem" da Alemanha nazista estão entre nós. Apesar que muitos são apenas Latinos Nordestinos Fascistas, ridículos.
O político é refém do seu discurso, ainda que venha o trair posteriormente. Collor em 89 se elegeu com discursos maravilhosos, empolgantes, mensagens nacionalistas de paz e união. Já Bolsonaro inicia a escalada com discursos truculentos e preconceituosos, disfarçados de patriotismo. Nem o discurso inicial transmite uma mensagem humanitária. Essas eleições estão comprovando que talvez ainda não tenhamos passado pelos momentos mais tenebrosos da nossa história.
A prova disso é que Ciro Gomes tem todas as qualidades que os Eleitores de Bolsonaro dizem buscar em um candidato e ainda tem expertise notória para assumir a presidência. Se o discurso da honestidade e da moralidade fosse real, não teriam votado em Aécio em 2014 e Ciro Gomes teria sido eleito ou, ao menos, passado para o segundo turno em 2018. Mas não se trata disso. Trata-se de levar adiante um conceito que estava latente e agora veio à tona na primeira oportunidade.
Bolsonaro é um conceito que as pessoas reprimiam e escondiam por trás do politicamente correto, disfarçavam suas índoles nefastas. Agora esse conceito corre o risco de se tornar uma convenção social muito bem aceita.
A história já nos provou muita coisa, nos dá a chance de revermos nossos equívocos do passado para a construção de um futuro próspero e pacífico, mas as massas são burras, amnésicas e, o pior de tudo, só aprendem com seus próprios erros. Vivem em um movimento cíclico, avançando e retrocedendo como o vai e vem das marés.
(Prof. João F. Rodrigues)
09/10/2018