Sou calada
Permito-me pouco
Amo o silêncio
Sou alma leve / alada
De um grito rouco
Como água jogada
Em pleno fogo
E no fim das contas
Refazendo a jornada
Sou liquido que corre
Sou poesia que escolhe
Sou mulher amada...
Porque em mim
Nada é demais
O vento que me habita
Vem de dentro / desafinado
E encontra apenas saudades
Saudades inertes do passado
A luz foi emprestada
E ficou para sempre
Como se fosse alugada
Do vizinho gentil
Da menina que partiu
Do berço em que foi plantada
E as palavras
Foram decoradas na partida
Saem coloridas
De uma boca treinada
São rabiscos velhos
De uma mente florida
Mas, cansada
Os sonhos dormem
E ficam parados
Sorriem em cada esquina
Sabem que são donos
Percebem seus enganos
E deixam o cheiro da vida
E continuo na luta
Da mulher sincera
Cheia de estridentes sons
Sentada em primavera
Que vive numa mente louca
Persegue cada pegada
Mas faz eterna morada
Em outra boca
E nesse silêncio
Me visito
Nas flores
Me habito
Nos sons
Me deixo
E no plural
Existo!!!
Ka Santos