Poderia ver o cais do passado
despencar no horizonte hostil... sem fim.
Mas o veleiro à luz tarda, em mim...
Tarda o meu peito, em saudade ancorado.
Queria vagar por todos os mares...
Nem todos os éolos juntos, zangados,
secariam o brilho dos olhares
túmidos da luz dos tempos guardados.
Pensei em naufragar, tocar o fundo,
deixar-me ao silêncio imundo de amar
sem futuro, apodrecer sem sonhar.
Mas nem a volúpia das algas, corais,
nem sereias velariam com amálgamas
em meu coração suas digitais.