Por que meu corpo te procura
dentro da noite cínica
- magro alimento que jamais
saciará tua fome absoluta?
Por que meu olhar vermelho te busca
em meio ao negrume da esquina
- raio laser disforme que jamais
iluminará tua paixão obscura?
Por que meu andar pequeno te espreita
ao longo dessa trilha íngreme
- caminho real que jamais
acolherá meu horizonte impuro?
Por que tua magna presença ofusca
minha pálida existência
- navio à deriva que jamais
alcançará teu porto seguro?
Por que nunca deixarei de ser
tua sombra, teu odor,
tua segunda pele?
Por que teu aroma simplesmente
passou por mim
e eu me deixei levar por ele?