Eu vou ficar sozinha
Vou ficar abandonada
Já sei o que me espera
O que me aguarda a madrugada
Não quero pena
Não quero compreensão
Não posso ser entendida
Não sou a vítima e sim o vilão
Pelos olhos, por entre as pernas
Derramarei sangue
Por ajuda, por piedade
Minha alma exige que eu clame
Mas não mais valho que um cigarro usado
Não mereço que ninguém me ame
Pois sou veneno, sou pecado
Espero que a voz do inferno me chame
Eu me perdi
E não tem mais volta
Eu fugi
De mim mesma, sem escolta
Minha boca tem vários gostos
Vários hálitos a pertenceram
Inebriados aqueles rostos
Que lascivos meus seios acolheram
Os toques que em minha pele
Subordinaram-se ao meu calor
Pareciam querer penetrar
Nos meus poros que expeliam desejo e vigor
Os mesmos toques que subalternos
A minha astúcia e ao meu comando
Substituídos com frieza foram
Não houve verdade, nem beleza, nem encanto
Meus olhos são ilusórios
mesmo que as palavras não
São apenas sentimentos provisórios
É o despertar inútil de uma paixão
Estou suja, fétida, impura
Exalo perfumes para embriagar
Para confundir, revelar nobreza
Mas não passo de mendigo a se arrastar
Sórdida, incrédula e indefesa
Mas já tive um dia coração
Agora nem mais sei o que há
Poesia, desenho, canção
Um navio perdido a naufragar
Uma pedra, vazio, escuridão
Uma gota largada ao mar...
Previsão
Data de publicação:
Sexta-feira, 8 Maio, 2009 - 03:48
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