Em meio ao caos instalado,
Anjos flamejam, estrelas se apagam,
Heróis são ceifados, galhofados.
Ignóbeis bandidos glorificados
Derribam um povo fragilizado.
Se está tudo errado?
Sim, está.
Enaltecidos mais, seriam canonizados
Não pelas cabeças rolando
Em meio às pedrinhas e cascalhos,
Mas pelo advento de estradinhas
Luminosas, brilhosas, pavorosas,
De devaneadores abastados.
Opulentos sanguessugas renomados,
Que vagarosa e ardilosamente,
No decorrer de uma era recente,
Norteados pelo bigode reluzente,
Geram um povo insipiente,
Que com pouco se faz contente.
E em sua parcimônia descabida
Consomem a mente do inocente,
O qual ávido permanece na vida,
Em uma casinha de palha,
A ensejar à beira dessa estrada
Um futuro que desconhece.
Pobre moribundo,
Programado a pouco pensar,
A quase nada saber,
Dá graças ao escasso que tem,
É só o que pode fazer.
Ao longe, incapaz de imaginar
Que se em uma taberna estivesse,
Em meio a putas e ladrões cincerros,
Existiria mais sossego e esmero
Do que nesta puta nobreza sem clero,
De mesas fartas e onerosas,
De lagostas desonrosas
E vinhos finos à mercê.
João F..R. 25/01/2014