Fala-me de mim meu amor,
meu doce
e conta-me que nasci,
cuspido pelas entranhas
agridoces de mel e fel,
a vida não é fiel nem o deveria
ser jamais.
Fala-me de mim meu amor,
meu doce
e conta-me que existi,
narciso encurralado, em sonhos de
visões grandiosas radiantes,
mas nada mais que visões.
Fala-me de mim meu amor,
meu doce
e conta-me que vivi,
tenho a necessidade das tuas
palavras, de as beber,
de as consumir, assim
como me consumiste,
assim como me viveste.
Fala-me de mim meu amor,
meu doce
e conta-me que morri,
deitei-me na barca de Caronte
guiado pela tua imagem,
morri por ti, de ti e para ti,
feliz, completamente feliz.