Vi o Coração quando jovem, quando puro,
Rindo e sonhando dia e noite, noite e dia,
Como se a Vida, a Morte, o claro e o escuro
se resumissem em prazer e alegria.
Hoje, velho e partido pela Vida amargurada,
Sem glórias, sem ânsias, sem desejos,
Vesano órgão, cambaleia pela estrada,
Sem sonhos e algente de sobejo.
Melhor fora Coração não ter havido:
Sem este ingrato o peito seria
De sentimentos e tramóias desprovido.
Antes, vi aurora de intensa euforia.
Agora, tendo a Vida esmorecido,
Só vejo a Morte, lúgubre, sombria...