Sou cidadã feliz...
Não caio na malha fina, nem fujo do leão,
Não tenho enrosco com fisco, sou sem teto e sem chão.
Salvo o meu ganha - pão, fico sem eira nem beira
E desfilo meu gingado nos ensaios da Mangueira.
Sou cidadã feliz...
Cansei de levar porrada e dar com os burros n’água,
Sei esticar meu dinheiro durante um mês inteiro,
É só não dar o passo maior do que a perna,
“Deixo a vida me levar” e quem ficar... Hiberna!
Sou cidadã feliz...
Digo amém a tudo, quando o tudo me contradiz,
Sou da paz... Eu só quero é ser feliz!
Danço funk na favela e me esqueço das mazelas
E ao driblar bala perdida ainda apareço na fita!
Sou cidadã feliz...
Aumentou o salário mínimo!
Vou à igreja levar o dízimo,
Fazer uma fezinha pro santo de devoção,
Acertar a Mega-Sena é a melhor solução!
Sou cidadã feliz...
Dizem que a coisa tá preta... Eu acho que não...
Mocinho é bandido, polícia é vilão e o povo... Sem “ão”!
Até parece filme... Que brincadeira!
Bang-bang à brasileira!Coisa de Kid Morangueira!
Sou cidadã feliz...
Levo uma vida pacata e não leio jornal.
Não aprendi o A B C... Mas isso não me faz (ma)l,
Minha escola é a vida, sou eterna aprendiz,
Não saber de nada é melhor pra ser feliz.
Já dizia um pensador da periferia:
-Povo que lê sabe das falcatruas!
Mudar as coisas era o que ele queria...
Mas, a ignorância é repousante...
- Fica na tua!
A Deus agradeço pela vida que mereço...
Se sou cidadã?... Sei não!
Feliz?...E ainda duvida, ”mermão”?
Comentários
RETRATO
Helder Duarte
OI,
É o retrato de uma vida e de uma opção...
Helder Duarte
De Carmen p/Helder
Desculpe-me pela demora da resposta,mas somente agora vi seu comentário.
Concordo em parte com ele,rsrs...É o retrato de uma vida,do povo brasileiro,que não tem muita opção...Que se deixa levar,por não ter como lutar.
Obrigada,de coração,por ter lido a poesia e pelo comentário.
Bjssss.
Carmen Lúcia
De Helder/ p/ Carmen
Helder Duarte
OS HOMENS DEVIAM MUDAR O MUNDO com acção!....
Poetas... Parai e meditai!
Pare eu também...
Vinde comigo!... E busquemos, o bem.
Avancemos... Avançai.
Que fizemos nós, p'elos outros?
Com poemas, loucos e ocos!?
Para quê, escrever,
Se esse acto, ao mundo, bem não veio trazer!?
Quem sois vós?!
Quem somos nós?!
Que valor, nossos versos, têm?
Se por eles, os oprimidos, liberdade, não obtêm!
Eles têm, ricas rimas.
De amor, lindos temas.
Métricas várias;
Em odes e outras áreas...
Nossos versos... Rasguemos...
E outro, cântico, entoemos!
Não, no papel, escrito só... E até, com emoção...
Mas escrevamos, um novo poema, com vida e acção!
Que liberte, os povos!!!
Com verdade e liberdade!!!
De modo, que velhos e novos,
Tenham, eterna felicidade!!!
HELDER DUARTE