Amizade é uma coisa espontânea e esparsa. Acontece algumas vezes na vida de uma pessoa, e por parcas vezes também, só por uns momentos. Amizade se cria de pouco, por bobagens, por detelhes ignorados nas explicações babacas que os vigaristas dão do destino. A amizade, impertinente ao egoísmo, quebra espelhos trágicos, fragiliza mentiras que de tão ridículas parecem mesmo ridículas, dificulta a existência da distância, da saudade, da morte, de toda e qualquer situação que te irritou e você declarou. A amizade é o cobertor dos dias frios da vergonha alheia, própria, terceirizada, da rua que nos soca migalhas que sequer pedimos. Amizade vem de mansinho, quando a gente menos percebe, quando menos persegue, quando menos dá valor. A amizade, que é cantada por toda a jovem américa, que segue nos bailes da vida juntando trocados que os bêbados jogaram-nos de tão loucos, não cabe num poema ou só num dinheiro emprestado, que eu sei que você nunca vai devolver, e nem eu. A amizade é uma atitude que de tão suicida se torna vivaz, que de tão impensada se torna fundamental, que traz adrenalina pura em um mundo já muito cruel, que de tão boa é mais perigosa que saltar do precipício com a corda no pescoço.
Eu sou seu amigo, e não precisa admitir. Eu sou seu amigo, e não precisa retribuir. Eu te amo loucamente mesmo que não diga o meu nome.