Amigos, admiradores ou sofredores
Ainda perguntam-me, vez outra,
Se parei de escrever... no Recanto..
Respondo com um olhar significativo..
Não parei, nunca paro, nunca consigo parar...
Como aquele pássaro que perdeu as patinhas,
E é forçado a voar eternamente,
Até à morte... Sou eu, também..
Condenado a escrever...
Até depois da morte...
Nunca paro, nunca descanso, mesmo lamentando,
implorando a Deus que me dê um descanso...
Ele jamais atende a esta, e as milhares de outras, minhas
preces...
Prossigo triturando as ideias, as lembranças
as experiências, os sofrimentos, as alegrias, os amores e
dissabores em um mesmo liquidificador da vida...
e oferecendo esta bebida aos admiradores, sofredores,
que tiveram a infelicidade de, ao cruzarem comigo, colarem
suas vidas e parte de suas asas de borboletas, em mim, na minha vida...
Elas também nunca conseguem voar para longe de mim..
Estão aqui, colados a mim... inebriadas por esta bebida que lhes
ofereço com um sorriso de sacarmos vingativo, por poder
fazer-las sofrerem também, comigo, o fel da vida...
Gideon Marinho Gonçalves