Estradas e Destinos
Eu amo o serpentear desta estrada solitária.
Tangendo as vidas que passam,
Tal qual eu tangendo a minha mimosa.
Amo cada pé de ipê, rosa, roxo e amarelo,
A espalhar generosidade em sombra e beleza,
Fazendo companhia aos passantes,
Nativos definitivos ou meramente errantes.
Pensando bem, tenho facilidade em amar.
Vejo graça e serventia em quase tudo,
Até mesmo, no capim brabo,
Que nascem às touceiras na beira do caminho.
Nos infinitos desta estrada se levanta e se deita o dia,
As manhãs tem cheiro de novo com sabor de esperança,
As noites são precedidas de uma tarde preguiçosa,
De passos lentos, sem nenhuma pressa de ir,
E exalam perfumes de flores simples,
Que soltam suspiros antes de dormir.
Eu amo esta estrada, por onde serpenteiam destinos,
Misturando histórias e causos estranhos,
De nativos e estrangeiros, todos aventureiros,
Tangendo por instinto os seus destinos.
Mas eu amo com frívola facilidade.
Serpenteio contando as borboletas, suspirando,
Menino de pés descalços, bebendo a vida,
Nos canudos dos mamoeiros,
Por onde se sopram bolinhas de sabão.
Amo o serpentear desta minha vida com felicidade,
Aspirando as manhãs tranquilas, o desabrochar das flores,
No ritmo da flauta que tange a vida,
Sem buscar causas ou nexo, apenas acompanho o ritmo,
Como a criança inocente que espera o destino
E cumpre o desejo da estrada.
Rosamares da Maia
05.10.2011