Sou da primavera a flor tardia
escondida na relva escura e baldia
onde o brilho do sol não se aventura
e a luz do luar nunca me vê...
Fruto de sementes corroídas
de solo infértil e devastado
onde cores jamais se aproximam
e o perfume expira já fora do prazo .
Viva, graças às migalhas que o vento
sem contento,sopra em minhas pétalas deflagradas,
e a seiva que esforço em retirar da terra,
derramo em lágrimas poluídas e malfadadas .
Sou o que restou da estação mais bela,
o que ficou pelos cantos, esquecida,
flor que não cumpriu sua missão,
que surgiu quando se foi a primavera.
_Carmen Lúcia_