à luz do teu olhar
ouço os gestos
de cada sabor
da música dos meus braços.
agarro-te o corpo
como quem chove
como quem diz as palavras todas
os vazios à nossa volta
crescem de tom.
muralhas secas
e nós
a lama quente
em que hora dirias tu
do teu amor
sagrado
por mim?
que canção entoaria eu
entre os teus dedos
chovidos?
que beijo mordido
te cantaria
mordaz
a minha língua?
esqueçamo-nos de ti e de mim
para nos lembrarmos
de nós
lá fora dos muros
esvoaçam as gaivotas
há tempestade
no mar
dos nossos corpos.