Bem-te-vis brincam a lavar-se
Nos ramos cheios de orvalho
E a saudade do abraço
Atravessa infinito espaço
Na praia, as gaivotas
Pegam rápido o peixe
Que se livrou do anzol.
Alimento-me dos raios de sol.
Urubus disputam sobras
Dos já fartos quero-queros
Que se afastam a largos passos,
Como que para encontrá-lo.
E o mar, que não descansa,
A dançar as suas ondas
Lança espumas no espaço,
Feito preces que ora faço.
Com elas lanço a saudade
A seguir de onda a onda,
E, feito a diáfana renda
Desmanchar-se em teus braços.