.
.
.
.
Há dez anos olho pela janela o mesmo morro
e muitas coisas mudaram aqui.
O tempo levou os alambrados de proteção
e as pessoas levaram os tempos.
Os homens que cresceram suas barbas
tentam retornar por seus descendentes.
As mulheres que cresceram suas lidas
tentam retornar por seus descendentes.
Olharei por muito tempo ainda o mesmo morro
e viverei muitas coisas novas por aqui.
Talvez as edificações o encubram,
para que ele finja ter mudado.
Os homens que cresceram suas barbas
retornam para construir outros tempos.
As mulheres que cresceram suas lidas
retornam para construir outros tempos.
Nas ruas ainda não sei de olhares do mesmo morro
e as coisas são revividas por aqui.
Os nomes passam por mim
em busca de horizontes.
Percebo o que olho em mim,
pouco sei do que está distante.
De lá o morro me vê
e diz que sou o mesmo.
.