Algum dia eu tentei olhar no espelho
Mas sem querer e sem a mínima intenção
Vi a outra presa dentro de mim
Ela se encontrava aprisionada em meu olhar
E tentava gritar e tentava sair
Mas eu não podia deixar
Ela se apossar e tomar a minha forma
E todo o meu ser
Eu não podia mais evitar vê-la sempre rastejando e implorando pra sair
Mas ela era uma estranha
Eu não a conhecia e tão pouco pretendia
Por meses tentei em vão
Apagar da minha cabeça a memória daquele espírito vazio
Que insiste em vagar em meu olhar
Eu tentei, eu juro que tentei, mas foi em vão.
Hoje ela continua em mim
Me respira, me come e me deseja.
Corre em minhas veias toda a sua miséria
Mas pra mim não passa de mero delírio nem chega a ser um devaneio
Ela ainda está em mim
Mas só mais uma coisa
Nunca olhe o espelho
Porque ele pode refletir o que há muito tempo você não quis enxergar
Mas se quiser encarar sem medo vá em frente porque o quanto antes melhor