CONFRONTO
Eu chorei neste poema.
Chorei...
A dor de ter nascido.
De ter parido.
Poema assim tão dolorido.
Eu chorei.
Cada palavra era uma lágrima.
E deslizava mansa.
Era igual criança.
Rolando mansamente.
Tem dias que dá uma nostalgia na gente.
Eu chorei.
Não porque estava me sentindo infeliz.
Ou vazia.
Nunca estou vazia.
Tenho sempre a companhia da poesia.
Chorei porque o mundo é um buraco fundo.
Que nos traga.
Que nos entontece, nos embriaga.
E nos toma pela mão.
Nos guia.
Se bem que distraídos tantas vezes nem nos damos conta.
Andei por estações perdidas no passado distante.
Andei como viajante.
Pela via láctea.
Andei... ah, andei tanto.
Buscando um alivio pra aquele pranto.
E, no entanto...
No entanto nada.
Era um paradigma.
Minha mente estava acostumada.
Acostumada a idéias pré-estabelecidas.
Onde ficam guardadas todas as nossas outras vidas?
Eu precisava era terminar o poema dolorido.
Se bem,se bem que ele estava ficando sem sentido.
“Ou não”
Será que você me entendeu?
Será que compreendeu onde esta poetinha se meteu?