A ALGUÉM QUE PARTIU...
(para meu querido amigo Damasceno que vivia num abrigo de idosos)
Toda vez que eu olhar aquela porta uma dor apertará meu peito.
Como está agora apertado.
Partiste meu amigo amado.
Esta noite acordei e em ti eu pensei.
Me contaram da tua morte ontem.
Me contaram...
Eu não sabia.
Sei que aquela cadeira de rodas está vazia.
Como vazio está teu leito.
Não quero pensar que estás morto.
Quero pensar nas vezes que cantamos.
Nas vezes que falamos.
É duro aceitar a morte de quem amamos.
Eu te amei, meu querido amigo.
Amei tua sinceridade.
Tua simplicidade.
Amo ainda.
Porque a morte é só uma passagem.
Somos viajantes.
Vivemos numa eterna viagem.
Jamais esquecerei meu amigo que vivia num abrigo.