SÓ UM SONHO, UMA QUIMERA
Sonhei que eu era uma borboleta.
Sonhei...
Sonhei que eu fazia careta.
Pro sol, pra lua.
Sonhei que eu era uma folha morta rolando na rua.
Sonhei que era uma borboleta e o mundo eu sentia.
Como o lepidóptero deve sentir.
E eu ria...
Ria a mais não poder.
Porque de repente a essência do que somos eu podia perceber.
Folha, pássaro, borboleta...
Sonhei que estava dependurada no universo.
Que eu era um verso.
O anverso.
O inverso.
Sonhei que eu era nada e tudo.
Sonhei que eu usava um sobretudo.
Sobre-nada.
Porque nada eu era.
Só um sonho, uma quimera.